Evangelho de 3 de janeiro: Santíssimo Nome de Jesus

Comentário ao Evangelho da Memória Litúrgica do Santíssimo Nome de Jesus. «Deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo». Quando olhamos para o Menino no Presépio de Belém, nesse preciso momento, Deus está-nos a redimir com amor.

Evangelho (Lc 2, 21-24)

Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.

Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor.


Comentário

Hoje celebramos na Igreja a festa do Santíssimo Nome de Jesus. A celebração desta festa remonta ao século XIV, quando S. Bernardino de Sena, missionário franciscano, começou a divulgar o culto ao nome de Jesus. Fazia-o apresentando numa pequena tábua um desenho da Eucaristia com raios que saiam dela e com o monograma “IHS”, que significa “Iesus Hominum Salvator”, isto é, “Jesus Salvador dos Homens”.

O Evangelho de hoje mostra-nos que, segundo a lei de Moisés (cf. Ex 13, 11-16), oito dias depois do nascimento do primogénito, os pais deviam ir ao Templo para o circuncidá-lo. E decorridos quarenta dias após o nascimento, voltavam ao Templo para apresentá-lo e para a purificação da mãe.

É surpreendente considerar como neste Evangelho é Jesus, nosso redentor, quem parece ser redimido. E como Maria, que é toda pura, se apresenta no Templo para ser purificada. Este Evangelho fala-nos da humildade de Deus e da Santíssima Virgem.

Este é um dos ensinamentos que podemos retirar do Evangelho: Jesus e Maria cumprem o que Deus quer, mas eles, não necessitando de o fazer, ainda assim, fazem-no com prazer. Quantas vezes, para nós, é difícil cumprir a vontade de Deus. Muitas vezes podemos revoltar-nos contra as dificuldades do dia a dia, diante dos imprevistos de cada jornada. Muitas vezes dizemos não a Deus. E colocamos a nossa vontade acima da vontade de Deus. Jesus e Maria ensinam-nos o que é a verdadeira humildade: cumprir com alegria a vontade de Deus. Diz S. Josemaria que «A oração é a humildade do homem que reconhece a sua profunda miséria e a grandeza de Deus, a quem se dirige e adora, de maneira que tudo espera d'Ele e nada de si mesmo»[1]. Isto é o que nos ensina a Sagrada Família: vale a pena cumprir a vontade de Deus, porque esse é o caminho da nossa felicidade.

O Evangelho também nos mostra o grande valor dos sacrifícios aos olhos de Deus. O historiador judeu Flavio ​​Josefo escreveu como, somente na Páscoa de 70 d.C., os sacerdotes do Templo ofereceram 256.500 cordeiros no altar. Os sacrifícios e as ofertas do Antigo Testamento não foram concebidos para salvar, mas para ensinar (cf. Gl 3, 24). Ao dar esses sacrifícios a Deus, cada pessoa do povo de Israel aprendia a oferecer-se livremente a Ele e a ser feliz cumprindo a Sua vontade. Este é o verdadeiro significado do sacrifício: colocar-nos à disposição dos desígnios de Deus. Nós, cristãos, temos a imensa felicidade de podermos participar também do sacrifício de Cristo na Santa Missa. Este sacrifício, sim, é que é realmente salvador.

Sacrifício vem do latim “sacrum” “facere”, ou seja, “tornar as coisas sagradas”, ou também honrá-las ou entregá-las. José e Maria, oferecem um par de rolinhas e dois pombos. Oferecem um sacrifício a Deus, honram-n'O, entregam-se a Ele, sabendo que d'Ele nos vem a salvação. Como diz o Papa Francisco «A salvação está no nome de Jesus. Devemos dar testemunho disso: Ele é o único Salvador».

Jesus é o nosso Salvador: isto é o que celebramos nesta festa do Santíssimo Nome de Jesus. Isto implica que nos saibamos olhados com amor por Deus em todos os momentos. É um olhar mútuo. Quando olhamos para o Menino no Presépio de Belém, nesse preciso momento, Deus olha para nós com amor. Dirijamo-nos a Maria, para que saibamos honrar o nome de Jesus em cada momento do nosso dia.


[1] S. Josemaria, Sulco, n. 259.

Pablo Erdozain // Steverts - Getty Images