Foi comovente o encontro de S. Josemaria com o meu pai

Testemunho de D. Jaime Fontes, bispo de Minas (Uruguai).

D. Jaime Fontes nasceu em Montevideu, estudou Jornalismo e é doutorado em Teologia. Em 1967 foi para Roma, onde trabalhou junto de S. Josemaria. É bispo de Minas (Uruguai).

Parecendo que não 90% da vocação devemo-la aos nossos pais. Embora pareçam estar, por vezes, distantes da fé, não o estão. No ano de 1968 tive a sorte de o meu pai ter vindo ver-me e encontrou-se com S. Josemaria e foi muito comovente. Muito comovente.

O interessante é que ele escreveu uma carta a S. Josemaria e entregaram-lha...

E passados poucos dias esteve comigo e disse-me: como está o teu pai? Dá-lhe da lembranças da minha parte, é tão novo como tu... O caso é que três ou quatro anos depois estive com S. Josemaria em Roma num instante, indo por um corredor, descendo eu uma escada, disse: "Como está o teu pai? Dá-lhe lembranças da minha parte, muitas lembranças da minha parte, que jovem é"... Era assim, era assim.

Padre, há casais que aceitam com sacrifício, mas também com muito entusiasmo, a vocação de um ou de vários filhos para o Opus Dei. Mas há outros, para dizer francamente, que lhes barram o caminho.

Como fazer para compreenderem que é um presente, um mimo do Senhor?

Diz a essa mãe que eu a entendo bem, ela tem a obrigação de ver as coisas como mãe de família, eu não me aborreço com ela, compreendo-a perfeitamente e ponho-me do seu lado.

Mas, depois, diz-lhe..., que Deus é mais poderoso que ela, e que se ela tivesse educado os filhos para malandros, sim, dificilmente o Senhor teria encontrado na terra almas dispostas a receber a semente da vocação. Noventa por cento da vocação desses filhos devem-na à mãe e ao pai.

Ele tinha um carinho enorme aos pais das pessoas do Opus Dei porque dizia que numa percentagem muito elevada devíamos o chamamento de Deus ao exemplo deles, aos seus ensinamentos, ao modo como nos foram preparando espiritualmente para que um dia...

Nós éramos cinco irmãos, e a todos nos educaram na fé, puseram-nos num colégio católico mas acima de tudo era ver que em casa se rezava com toda a normalidade, nos domingos íamos à Missa...

S. Josemaria foi um sacerdote, um pai que nos ensinou a todos a saber que havemos de morrer com defeitos, mas se crescermos em caridade, lutando por amor, se crescermos em amor de Deus, convivendo com Deus e convivendo com outros com esse amor, havemos de vencer, havemos de ganhar.

Uma noite estávamos todos reunidos com ele e falava-nos de coisas muito sobrenaturais,

de amor à Igreja, de amor ao Papa, e eram anos difíceis, amor ao Papa, transmitindo sempre muita esperança, transmitido-nos optimismo em todas as circunstâncias...,

E despedia-se de nós ao mesmo tempo que ia fazendo o sinal da cruz na testa a cada um:

"Deus te abençoe, meu filho", "Deus te abençoe, meu filho"; e a um disse: "falta-te um botão da camisa;.

Deus te abençoe, meu filho". Estava atento a tudo, às coisas mais sobrenaturais e às coisas mais pequenas.

É isso é a santidade. Mas acima de tudo é preciso ter amor de Deus para saber que os chamamentos que Ele faz não os faz através de acontecimentos extraordinários mas no trabalho de cada dia, nas circunstâncias com as pessoas que encontramos, procurando tratar bem essas pessoas e fazer bem aquilo que temos de fazer porque é o nosso trabalho. Agora o meu é ser bispo.