“Prefiro contar as minhas alegrias”

Chidinma descreve como encontrou a felicidade através de uma amiga e de um estágio de três semanas no Wavecrest Students Hall, Surulere, Lagos.

Olá, chamo-me Chidinma Eucharia Ikwelle. Gostaria de partilhar convosco a minha experiência de estágio de três semanas no Wavecrest Students Hall, Surulere, Lagos, Nigéria.

A minha história começou quando a greve da Academic Staff Union of Universities (ASUU) já durava há 3 meses e estava a ficar completamente intolerável. Deixei-me dominar pela emoção e fiquei muito triste, deprimida, só e zangada, tanto comigo quanto com todos à minha volta. Grande parte pode-se atribuir ao facto de que, nessa altura, não estava a fazer nada para me ocupar, para além de alguns cursos online em que não estava realmente interessada. Estes sentimentos continuaram durante algum tempo e posso dizer que estava mesmo infeliz. Sentia que estava vazia e que algo estava mal, o que me fez ficar muito calada em casa. Perdi interesse nas conversas, por vezes fiquei ofendida com coisas muito pequenas que os meus irmãos faziam. Na verdade, dei comigo a fazer coisas contra as quais costumo falar, o que era muito mau. Continuei assim durante dias, semanas e até meses. Devem estar a perguntar-se se isto era profundo; era realmente profundo.

Graças a Deus, num santo dia, recebi uma chamada de uma amiga do Centro Greendale, Nsukka, onde frequento os meios de formação do Opus Dei, quando estou em aulas. Perguntou como é que eu estava, mas não consegui abrir-me sobre o que se estava a passar comigo. Continuou a falar e fez uma pergunta que não só me causou um grande sorriso, mas que ficou a soar constantemente na minha cabeça durante um tempo. Disse-me “Chidinma, se pudesses, gostarias de participar num programa de catering e hotelaria no Wavecrest Students Hall?”. O meu rosto começou logo a iluminar-se. Inconscientemente comecei a sorrir e respondi que gostaria imenso. Disse que voltaria a ligar e desligou. Logo que desligou, percebi que não tinha pedido autorização aos meus pais antes de aceitar esta proposta. Decidi dar-lhes conhecimento antes de receber a proposta final. Passaram algumas semanas e recebi outra chamada da minha amiga, mas desta vez a dizer para me preparar porque tinha acabado de aparecer algo que me devia interessar.

Fiquei tão feliz, primeiro porque finalmente podia sair de casa e depois porque ficaria ocupada em algo que valia a pena. Deu-me um número para onde devia ligar a informar que estava interessada nessa oportunidade e desligámos. Sem perder tempo, liguei duas vezes para esse número, mas ninguém atendeu. Fiquei preocupada, mas passado algum tempo ligaram-me desse número. Estava muito entusiasmada quando atendi a chamada. A senhora que falou pôs-me muito à vontade; já sabia o meu nome e a razão por que tinha ligado. Marcámos um encontro, já sentia a alegria a renascer. Quando os meus pais voltaram, contei-lhes tudo e deram autorização para eu ir.

No dia do encontro levantei-me muito cedo, como de costume, e preparei-me de corpo, alma e espírito. Engraçado, não é? A linda área cheia de flores de diferentes espécies, condizendo com o simpático acolhimento que recebi da jovem que abriu a porta, chamaram-me a atenção. Já me sentia como se fizesse parte da casa. A diretora pediu-me para começar imediatamente e fez o meu horário de trabalho.

Comecei logo a trabalhar e adaptei-me tão bem ao novo ambiente que, embora só tenha trabalhado lá durante três semanas, sentia-me como se já lá estivesse há um ano. O meu primeiro dia de trabalho foi maravilhoso, apresentaram-me aos outros membros do staff e as suas caras eram tão alegres que fiquei arrepiada. Impressionou-me que todas os que entravam na cozinha reparavam imediatamente numa cara nova e no lindo uniforme que eu usava. Senti-me muito bem-vinda e aceite como parte desta família. O que me deixou muito feliz. Nunca esperei ser integrada tão rapidamente, logo no meu primeiro dia.

Nesse dia, trabalhei na copa, onde me ensinaram a limpar e ordenar os utensílios. Depois de trabalhar nessa secção, fui para a padaria, onde ajudei a fazer Chin-Chin. Depois do trabalho, fomos almoçar e, nesse dia, serviram Amala e sopa Ewedu. Pensei como podia fugir de comer estes alimentos, que nunca tinha provado. Como se tivessem lido os meus pensamentos, perguntaram-me se nunca tinha comido Amala e disse que não. Para minha grande surpresa, convenceram-me a experimentar e, quando provei, achei que afinal não era mau. Durante a refeição, falámos de várias coisas. Fiquei a conhecer alguns aspetos divertidos das minhas colegas, o que me animou. Embora estivesse cansada depois do dia de trabalho, estava finalmente tão feliz que recuperei o meu sorriso.

Num desses dias, disseram-me para fazer pão, usando uma receita que me deram. Esse dia foi um desastre. No processo de bater a massa, descontrolei-me e dei cabo da receita. Todas nos rimos muito, ensinaram-me como devia fazer e o pão ficou bom. Muitas vezes, também fazia o prato do dia e comíamos todas juntas e muito divertidas. Também fomos a um evento ao ar livre, uma feira de comida e bebidas. Divertimo-nos tanto, a comer gelados e a aprender a fazer batidos de fruta. Foi realmente fantástico e fiquei contente por me ser dada oportunidade de estar lá. À medida que o tempo foi passando, entendi-me muito bem com todas. Trabalhávamos, brincávamos, ríamos, contávamos piadas e rezávamos juntas.

Perto do fim do estágio, embora me sentisse um pouco triste por estar a acabar, estava feliz devido aos momentos maravilhosos que tinha vivido com as minhas novas amigas. No último dia, despedi-me, e havia muita alegria no meu rosto quando as abracei a todas antes de partir.

Agora acho que a greve ASUU foi uma bênção disfarçada. Posso ter perdido algum tempo e oportunidades, como resultado da greve, mas prefiro contar as minhas alegrias: a alegria desta maravilhosa oportunidade de fazer novas amizades com pessoas fantásticas e a alegria de aprender coisas novas num ambiente maravilhoso. Durante a minha estada, nunca tive de me preocupar com nada. Foi uma experiência fantástica, que agradeço a Deus. E não consigo agradecer a todas as que trabalharam comigo pelo carinhoso acolhimento que recebi quando cheguei e especialmente à minha amiga de Greendale, que me proporcionou a oportunidade de ser outra vez feliz.

Chidinma Eucharia Ikwelle