Patrícia: «Eu tinha fé, mas faltava-me formação»

Patrícia é jurista, franco-libanesa e vive em Paris há 7 anos. Católica pouco praticante, percebe, depois de assistir a um serão sobre o tema "Falar da sua fé", que, para deixar de ser frágil, a sua fé precisava de se apoiar numa formação sólida. Deixa-nos aqui o seu testemunho.

Nasci no Líbano, numa família católica onde mal praticávamos. Fui batizada e, quando era pequena, se calhar, até fui à missa algumas vezes com a minha mãe ou abri ao acaso uma página do pequeno exemplar do Evangelho com o meu pai, para encontrar conforto quando tinha um problema na escola, mas nada mais. Apesar de tudo, parece-me que tinha fé. Acreditava num Deus com quem falava, com bastante regularidade, mas não considerava então que a religião tivesse algo a oferecer-me na minha vida quotidiana. Não via o interesse de respeitar todas as prescrições ao pé da letra e não sentia a necessidade de "praticar".

Quando cheguei a Paris para estudar, fiquei num lar maronita onde retomei o hábito, durante quase dois anos, de ir à missa todos os domingos. Mas mais uma vez, não durou. Assim que consegui o meu próprio apartamento e comecei a viver sozinha, a minha presença na igreja tornou-se cada vez mais rara, embora continuasse a ir lá, ocasionalmente, sem compreender realmente porquê.

Um dia, uma amiga sugeriu-me participar numa formação num centro do Opus Dei sobre "Falar da sua fé". Intrigada com o assunto, concordei em ir com ela, um pouco por acaso, e no final não me arrependi. Apreciei particularmente o objetivo deste serão em que nos questionámos sobre o fundamento das nossas convicções e sobre o modo de as comunicar com amabilidade. Por exemplo, eu que não tinha uma opinião firme sobre a questão do aborto, fiquei muito surpreendida por encontrar ali mulheres jovens que estavam 100% em sintonia com a doutrina da Igreja e desejosas de a transmitir.

É IMPOSSÍVEL FALAR DA PRÓPRIA FÉ SEM UMA FORMAÇÃO SÓLIDA! TOMEI UMA DECISÃO: EU TAMBÉM TINHA DE ME FORMAR

Perguntei a mim própria o que poderia torná-las tão fortes nas suas convicções e foi assim que entendi a importância da formação. Amamos de verdade e só falamos bem sobre o que conhecemos. É, portanto, impossível falar da própria fé sem uma formação sólida! Tomei uma decisão: eu também tinha de me formar.

Portanto, comecei a assistir a um curso de catecismo uma vez por semana, durante um ano, no mesmo centro. O que foi realmente fantástico para mim foi poder, desde o início, fazer todas as perguntas que me preocupavam sobre a castidade, o aborto, o sofrimento, a morte, etc., - perguntas que, para alguns, poderiam parecer chocantes ou provocadoras e que, realmente, nem sempre ousamos colocar - sem nunca ser julgada. Esta escuta amável e as respostas que me eram permitiram-me realmente chegar até ao fim da minha caminhada de compreensão e verdade e receber nas melhores condições possíveis o conteúdo doutrinal que me foi transmitido.

COMO SE, AGORA, TIVESSE TODAS AS CARTAS NA MÃO PARA VIVER UMA VIDA COERENTE, SEM CONFLITOS ENTRE A MINHA VIDA ESPIRITUAL E A MINHA VIDA SOCIAL.

Receber esta formação e conhecer outras cristãs, com uma fé sólida e capazes de levar para a frente carreiras ambiciosas e uma vida familiar realizada, abanou-me e transformou-me profundamente. Como se agora tivesse todas as cartas na mão para viver uma vida coerente, sem conflitos entre a minha vida espiritual e a minha vida social. Hoje, sinto-me, não só em paz, mas também mais forte e equipada para avançar na vida... e por que não transmitir agora este tesouro à minha volta?