Conversão aos 19 anos

João Silva, empresário de 28 anos, está casado e tem dois filhos pequenos. É supranumerário.

Como conheceu o Opus Dei?

Vivia com a minha família no Algarve, em Portimão. Vim para Lisboa estudar no Instituto Superior de Economia e Gestão. Não tinha nenhum sítio para onde ir viver. Fiquei num apartamento, mas como tinha conhecido a Residência de Estudantes das Avenidas, comecei a ir lá estudar. Encontrei uma casa onde éramos como uma família. Algumas das pessoas eram do Opus Dei. Realizavam-se muitas actividades: conferências com convidados; projecção de filmes; debates; organizávamos concertos de música; concursos de contos, etc. Quem quisesse também podia assistir a aulas ou actividades de formação espiritual, pois vivia lá um capelão que estava disponível para falar com quem estava interessado.

Foi assim que se interessou pelo Opus Dei?

Não. Interessei-me por Deus, pela figura de Cristo. Os meus pais não praticavam. Eu não era baptizado, embora na adolescência tivesse pensado muito em Deus e na questão da existência de Deus. Já em Lisboa, reparei que era um aluno razoável. Tinha muitos conhecimentos em diversas áreas, mas sobre Deus nem por isso. Fazia as coisas por fazer. Queria encontrar um sentido para a vida. Assim, aos 18 anos, encontrei-me com um desafio pela frente: procurar Cristo, conhecê-lO melhor, saber mais coisas, não na teoria mas na prática. E fui falando com os meus amigos da residência de estudantes, que também me animavam a conhecer melhor a vida espiritual. As conversas eram sempre muito vivas. Comecei a assistir a umas meditações que o sacerdote pregava na capela. Às vezes ia falar com ele e colocava questões difíceis, procurando respostas. Foi uma experiência incrível e da qual guardo muito boas recordações. Depois, bem depois ia também à capela falar directamente com Cristo, enfrentando-O no sacrário. Era um diálogo directo… Até que um dia… até que um dia resolvi baptizar-me.

Que idade tinha? Sentiu-se de algum modo obrigado?

Não, de modo nenhum. Aos 19 anos é difícil que nos obriguem a qualquer coisa. Andava à procura e encontrei. É muito simples! Recomeçar a vida com um novo olhar. Tentar ser melhor cada dia – apesar de cair muitas vezes – é fascinante. Pensar em Deus, tentar corresponder ao amor que tem por mim, isso é que é espectacular.

Então e o Opus Dei?

Queria imitar Cristo e ser como Ele, mas sem deixar de lado a minha profissão, o meu interesse pela Economia. Ora a mensagem do Opus Dei diz que qualquer pessoa pode ser santo precisamente no meio do mundo, através do seu dia a dia, fazendo o que sempre faz, oferecendo isso mesmo a Deus. Ou seja, é na sua actividade corrente, no seu ambiente profissional e familiar que uma pessoa se pode e deve encontrar com Deus, procurar ser melhor, estar ao serviço dos outros. Por exemplo, ser pontual, leal, evitando as intrigas, bom trabalhador, prestável e atento às necessidades dos colegas, amável, etc, etc, etc. Enfim, viver as virtudes no seu dia a dia como Cristo as viveu. Ser como Ele.

E no trabalho, o Opus Dei influencia-o?

Não. Ensina-me é a santificar o trabalho, ou seja, a oferecê-lo a Deus e a fazê-lo por Ele e pelos outros, o melhor possível. Aprendo a viver as virtudes, por exemplo, a ser honesto, leal, a aproveitar bem o tempo e evitar fazer perder tempo aos outros, ajudar realmente os outros nos seus problemas concretos, estar disponível e atento ao que me rodeia para poder dar uma mão, etc.

Para acabar e desculpe lá a indiscrição da pergunta, como é que é a sua vida em casa, a sua mulher também é do Opus Dei?

Não. Mas sabe bem que eu sou. Eu procuro corresponder às muitas atenções que ela tem para comigo. Lá em casa ajudo nas tarefas domésticas, cuido dos meus filhos (apesar de ser uma frase gasta, são de facto a coisa mais preciosa!), embora, como não sou nenhum santo, às vezes também me falta a paciência. Mas esforço-me e recomeço em cada dia por tentar ser melhor, pedindo a Deus a Sua ajuda.