“Exultemos de alegria no Senhor,
ao celebrar o nascimento da Virgem Santa Maria,
da qual nasceu o sol da justiça, Cristo nosso Deus”
(Da Missa da Natividade de Nossa Senhora)
A nossa Mãe é modelo de correspondência à graça e, ao contemplarmos a sua vida, o Senhor dar-nos-á luz para que saibamos divinizar a nossa existência vulgar. Durante o ano, quando celebramos as festas marianas, e cada dia em várias ocasiões, nós, os cristãos, pensamos muitas vezes na Virgem. Se aproveitamos esses instantes, imaginando como se comportaria a nossa Mãe nas tarefas que temos de realizar, iremos aprendendo a pouco e pouco, até que acabaremos por nos parecermos com Ela, como os filhos se parecem com a sua mãe.
Maria Santíssima, Mãe de Deus, passa despercebida, como uma qualquer, entre as mulheres do seu povo.
– Aprende d'Ela a viver com "naturalidade".
Imitar, em primeiro lugar, o seu amor. A caridade não se limita a sentimentos: há-de estar presente nas palavras e, sobretudo, nas obras
Que grande é o valor da humildade! – “Quia respexit humilitatem...”. Acima da fé, da caridade, da pureza imaculada, reza o hino jubiloso da nossa Mãe em casa de Zacarias:
“Porque viu a minha humildade, eis que por isso me chamarão bem-aventurada todas as gerações”.
A mais formosa
Os teólogos formularam com frequência um argumento (...), tentando compreender de algum modo o significado desse cúmulo de graças de que Maria se encontra revestida, e que culmina com a Assunção aos Céus. Dizem: convinha; Deus podia fazê-lo; e por isso o fez. É a explicação mais clara das razões que levaram Cristo a conceder a sua Mãe todos os privilégios, desde o primeiro instante da sua Imaculada Conceição. Ficou livre do poder de Satanás; é formosa - tota pulchra! - limpa, pura na alma e no corpo.
Maria manifesta-se santamente transformada, no seu coração puríssimo, em face da humildade de Deus: o Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. E, por isso mesmo, o Santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus. A humildade da Virgem é consequência desse abismo insondável de graça, que se opera com a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade nas entranhas da sua Mãe sempre Imaculada.
Ama a Senhora. E Ela te obterá graça abundante para venceres nesta luta quotidiana. – E de nada servirão ao maldito essa coisas perversas, que sobem e sobem, fervendo dentro de ti, até quererem sufocar, com a sua podridão bem cheirosa, os grandes ideais, os mandamentos sublimes que o próprio Cristo pôs no teu coração. – "Serviam!" – Servirei!
Decisões firmes
Imitar, em primeiro lugar, o seu amor. A caridade não se limita a sentimentos: há de estar presente nas palavras e, sobretudo, nas obras. A Virgem não só disse fiat, mas também cumpriu essa decisão firme e irrevogável a todo o momento. Assim, também nós, quando o amor de Deus nos ferir e soubermos o que Ele quer, devemos comprometer-nos a ser fiéis, leais, mas a sê-lo efetivamente. Porque nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus; mas o que faz a vontade de meu Pai, que está nos Céus, esse entrará no reino dos Céus.
Ó Mãe, Mãe! Com essa tua palavra – "fiat" – tornaste-nos irmãos de Deus e herdeiros da sua glória. - Bendita sejas
Outra queda..., e que queda!... Desesperar-te? Não; humilhar-te e recorrer, por Maria, tua Mãe, ao Amor Misericordioso de Jesus. – Um "miserere" e, coração ao alto!
– A começar de novo.
Quando todos fogem
Era o elogio da sua Mãe, do seu fiat, do faça-se, sincero, entregue, cumprido até às últimas consequências, que não se manifestou em ações aparatosas, mas no sacrifício escondido e silencioso de cada dia.
Vedes esta maravilha? Santa Maria, mestra de toda a nossa conduta, ensina-nos agora que a obediência a Deus não é servilismo, não subjuga a consciência, pois move-nos interiormente a descobrirmos a liberdade dos filhos de Deus
Maria assiste aos mistérios da infância de seu Filho, mistérios, se assim se pode dizer, cheios de normalidade; mas à hora dos grandes milagres e das aclamações das massas desaparece. Em Jerusalém, quando Cristo – montado sobre um jumentinho – é vitoriado como Rei, não está Maria. Mas reaparece junto da Cruz, quando todos fogem. Este modo de se comportar tem o sabor, sem qualquer afetação, da grandeza, da profundidade, da santidade da sua alma!
Procuremos aprender, seguindo também o seu exemplo de obediência a Deus, numa delicada combinação de submissão e de fidalguia. Em Maria, nada existe da atitude das virgens néscias, que obedecem, sim, mas como insensatas. Nossa Senhora ouve com atenção o que Deus quer, pondera aquilo que não entende, pergunta o que não sabe. Imediatamente a seguir, entrega-se sem reservas ao cumprimento da vontade divina: eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa palavra. Vedes esta maravilha? Santa Maria, mestra de toda a nossa conduta, ensina-nos agora que a obediência a Deus não é servilismo, não subjuga a consciência, pois move-nos interiormente a descobrirmos a liberdade dos filhos de Deus.