Vigília de oração: Maria, Rainha da Paz, desperta uma nova esperança

Na vigília de oração, o Papa Francisco dirigiu-se a Nossa Senhora para pedir a Deus a paz em Israel e na Palestina: "Intercedei pelo nosso mundo em perigo e tumulto". O Prelado do Opus Dei, na sua mensagem de 21 de outubro, encorajou-nos a unirmo-nos com generosidade.

Vigília de oração na Basílica de S. Pedro (27 de outubro de 2023)

Maria, pousai o vosso olhar sobre nós; eis-nos aqui na vossa presença! Vós sois Mãe, conheceis as nossas canseiras e as nossas feridas. Vós, Rainha da Paz, sofreis connosco e por nós, ao ver muitos dos vossos filhos provados pelos conflitos, angustiados com as guerras que dilaceram o mundo.

É uma hora sombria. Esta é uma hora sombria, Mãe. E, nesta hora sombria, colocamo-nos sob os vossos olhos luminosos e confiamo-nos ao vosso coração, sensível aos nossos problemas. O vosso coração não esteve imune de inquietações e temores: Quanta apreensão ao ver que não havia lugar para Jesus na hospedaria! Quanto medo naquela fuga precipitada para o Egito, pois Herodes queria matá-Lo! Quanta angústia, quando O perdestes no templo! Mas Mãe, nas provações, Vós fostes corajosa, fostes audaz: confiastes em Deus, e à apreensão respondestes com a solicitude, ao pavor com o amor, à angústia com o oferecimento. Mãe, não Vos alheastes, mas, nos momentos decisivos, tomastes a iniciativa: fostes apressadamente ter com Isabel, nas bodas de Caná obtivestes de Jesus o primeiro milagre, no Cenáculo mantivestes os discípulos unidos. E, quando no Calvário uma espada Vos trespassou a alma, Vós Mãe, mulher humilde, mulher forte, tecestes com a esperança pascal a noite do sofrimento.

Agora, Mãe, tomai mais uma vez a iniciativa; tomai-a por nós, nestes tempos dilacerados pelos conflitos e devastados pelas armas. Voltai o vosso olhar de misericórdia para a família humana, que perdeu a senda da paz, preferiu Caim a Abel e, tendo esquecido o sentido da fraternidade, não readquire a atmosfera de casa. Intercedei pelo nosso mundo em perigo e tumulto. Ensinai-nos a acolher e cuidar da vida – de toda a vida humana! – e a repudiar a loucura da guerra, que semeia morte e apaga o futuro.

Maria, já muitas vezes Vós viestes ter connosco, pedindo oração e penitência. Nós, porém, ocupados com as nossas necessidades e distraídos por tantos interesses mundanos, temos permanecido surdos aos vossos convites. Contudo Vós, que nos amais, não Vos canseis de nós, Mãe. Tomai-nos pela mão. Tomai-nos pela mão e guiai-nos para a conversão, fazei-nos colocar Deus em primeiro lugar. Ajudai-nos a guardar a unidade na Igreja, e a ser artesãos de comunhão no mundo. Recordai-nos a importância do nosso papel, fazei-nos sentir responsáveis pela paz, chamados a rezar e adorar, a interceder e reparar por todo o género humano.

Mãe, sozinhos, não conseguimos; sem o vosso Filho, nada podemos fazer. Mas Vós levai-nos a Jesus, que é a nossa paz. Por isso, Mãe de Deus e nossa, vimos até Vós, buscamos refúgio no vosso Coração Imaculado. Imploramos misericórdia, Mãe da misericórdia; paz, Rainha da paz! Movei o íntimo de quem está preso no ódio, convertei quem alimenta e excita conflitos. Enxugai as lágrimas das crianças – nesta hora, choram tanto! –, assisti os idosos que estão sozinhos, amparai os feridos e os doentes, protegei quem teve de deixar a sua terra e os afetos mais queridos, consolai os desanimados, despertai a esperança.

Para sempre, Vos confiamos e consagramos as nossas vidas, todas as fibras do nosso ser, aquilo que temos e somos. A Vós consagramos a Igreja para que, dando ao mundo testemunho do amor de Jesus, seja sinal de concórdia, seja instrumento de paz. A Vós consagramos o nosso mundo, de modo especial consagramo-Vos os países e as regiões em guerra.

O povo fiel chama-Vos aurora da salvação: Mãe, abri friestas de luz na noite dos conflitos. Vós, morada do Espírito Santo, inspirai caminhos de paz aos responsáveis das nações. Vós, Senhora de todos os povos, reconciliai os vossos filhos, seduzidos pelo mal, cegados pelo poder e pelo ódio. Vós, que estais próxima de cada um, encurtai as nossas distâncias. Vós, que tendes compaixão de todos, ensinai-nos a cuidar dos outros. Vós, que revelais a ternura do Senhor, tornai-nos testemunhas da sua consolação. Mãe, Vós, Rainha da Paz, derramai nos corações a harmonia de Deus. Amen.


Apelo do Papa após a Audiência Geral (quarta-feira, 18 de outubro de 2023)

Também hoje, o pensamento se volta para Israel e para a Palestina. As vítimas estão a aumentar e a situação em Gaza é desesperada. Por favor, faça-se tudo o que for possível para evitar uma catástrofe humanitária!

É preocupante o possível alargamento do conflito, quando já estão abertas tantas frentes de guerra no mundo. Que as armas silenciem! Que se ouça o grito de paz dos povos, das pessoas, das crianças! Irmãos e irmãs, a guerra não resolve nenhum problema, apenas semeia a morte e a destruição, aumenta o ódio e multiplica a vingança. A guerra cancela o futuro. Exorto os crentes a estarem só de uma parte neste conflito: a da paz; mas não com palavras, com a oração, com a dedicação total.

Nesta perspetiva, decidi convocar um dia de jejum e de oração, de penitência, na sexta-feira, 27 de outubro, para o qual convido a unirem-se, como melhor entenderem, as irmãs e os irmãos das várias confissões cristãs, quantos pertencem a outras religiões e todos aqueles que se preocupam pela causa da paz no mundo. 

Nessa tarde, às 18 horas, em S. Pedro, viveremos, em espírito de penitência, uma hora de oração para implorar a paz para os nossos dias, a paz neste mundo. Peço a todas as Igrejas particulares que participem, preparando iniciativas semelhantes que envolvam o Povo de Deus.


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