Álvaro del Portillo e o perdão

Álvaro del Portillo procurou imitar o exemplo de perdão transmitido por S. Josemaria. Tanto os seus escritos, como os testemunhos de quem o conheceu mostram a sua vontade de perdoar seguindo o lema de S. Josemaria: “rezar, perdoar, trabalhar, sorrir”.

Álvaro del Portillo.

Um homem de paz

Falar do perdão implica referir-se ao mal como presença perturbadora no mundo e ao bem como superação do mal. Mas “hoje fala com as pessoas sobre o certo e o errado e provavelmente vão rir-se de si”, diz McCarthy no seu romance Este país não é para velhos [1]. A ofensa coloca a pessoa perante o bem e o mal. E a sua atitude de perdão ou ressentimento dirá muito sobre ela. Nenhuma pessoa que foi ofendida sorri diante do bem ou do mal.

Ainda não conhecemos em toda a sua profundidade a vida de Álvaro del Portillo, embora conheçamos o suficiente para iniciar algumas linhas de trabalho. Uma delas provém de concentrar a atenção na sua caridade para com o próximo e, especificamente, no seu amor aos inimigos. Sobressai então a sua caridade heroica e como assimilou a lógica do perdão, fiel a S. Josemaria.

Os que conheceram D. Álvaro definem-no como um homem de paz[2]. D. Álvaro era um homem de paz e irradiava-a à sua volta, porque amou heroicamente os outros incluindo os inimigos; porque, falando de modo negativo, não tinha em conta o mal e não respondia às ofensas com ressentimento. A paz que ele vivia contava com uma gramática própria, longe da falsa paz que muitas vezes encontramos.

Muitos concordam também em indicar, como um dos traços da sua personalidade, que nele a fortaleza e a valentia se integravam com a paz para empreender o que era difícil[3]. S. Josemaria queria que os filhos de Deus fossem “semeadores de paz e de alegria”[4], sim, mas não pusilânimes. D. Álvaro realizou em si próprio o modelo que S. Josemaria propunha para todos os cristãos, que é a coerência de todas as virtudes em unidade de vida.

Temos que apreciar na sua justa medida o facto de que D. Álvaro perdoasse como S. Josemaria, evitando o risco de confundir a fidelidade com a reprodução mimética, com a mera imitação despersonalizada. O que é admirável é precisamente que viveu a caridade inspirado em S. Josemaria, encarnando uma proposta nova de santidade na Igreja.

tudo o que Álvaro tinha aprendido de Josemaria Escrivá era profundamente seu, parte de si mesmo, era a sua vida

A autenticidade de Mons. del Portillo, ao viver a caridade, baseia-se em que era ele quem a vivia. Como testemunhava o Cardeal Deskur, “tudo o que Álvaro tinha aprendido de Josemaria Escrivá era profundamente seu, parte de si mesmo, era a sua vida. Ele foi o melhor exemplo da virtude da fidelidade”[5]. Poder-se-ia dizer que quanto maior a fidelidade, mais autêntica ela é.

Por isso, mais do que indagar em que se distinguiu de S. Josemaria, tentaremos compreender dois aspetos muito relevantes. O primeiro, a sua fidelidade ao carisma de S. Josemaria no modo particular de viver a caridade com aqueles que o ofendiam, manifestada no perdão. O segundo, as suas circunstâncias vitais, que não foram idênticas às de S. Josemaria.

Costuma ser fácil amar quem nos ama, mas é difícil e pode parecer um absurdo amar quem nos ofende

Da mesma forma que não se entenderia a vida de S. Josemaria sem aludir ao modo como viveu o amor aos inimigos, também não se compreenderia a figura de D. Álvaro sem conhecer e avaliar a sua heroicidade nesse mesmo aspeto. Perante as ofensas, a estrutura da vida cristã e as forças físicas e psíquicas recebem maior pressão. Costuma ser fácil amar quem nos ama, mas é difícil e pode parecer um absurdo amar quem nos ofende e enfrentar serenamente os danos causados.

Convém esclarecer que o amor aos inimigos não se reduz a reprimir a reação natural da vingança, o que em muitas situações pode já ser muito. “O perdão, na sua forma mais autêntica e elevada, é um ato de amor gratuito”[6], que pede querer um bem para o ofensor: “amar o inimigo”[7]. Os estudiosos de psicologia afirmaram durante longo tempo que o perdão consistia fundamentalmente numa ação negativa. Há alguns anos, os autores acrescentam também a necessidade da benevolência, de uma conduta positiva do ofendido, para que se dê o verdadeiro perdão[8], e assim convergem a dimensão psicológica e a mensagem evangélica de amar os inimigos.

O perdão como recordação transformadora

Às vezes há resistência a lembrar-se das ofensas pelo temor de que a recordação reabra o que parecia enfim esquecido. Tal temor pode ser justificado numa época como a nossa de esquecimentos dolorosos e recordações vingativas. No entanto, nem o perdão deve ser identificado com o esquecimento, nem a recordação com a vingança.

No contexto que estamos a considerar, recorda-se a ofensa para medir a ação de Deus no ofendido, a sua estatura moral e a sua capacidade de transformar o conflito, do mesmo modo que para falar de um mártir é preciso referir-se ao facto histórico do martírio, não para sublinhar o mal cometido ou culpar os seus autores, mas para examinar o potencial de superação do mal que teve o perdão que foi concedido. Do ponto de vista do perdão, são as pessoas que interessam: o ofendido, o ofensor e a relação inerente entre eles.

Este é o contexto e o objetivo da recordação. O perdão desvia a atenção da ofensa e a redireciona para a decisão transformadora tomada pelo ofendido, para a fonte dessa ação e também para o ofensor, descobrindo soluções inéditas de reconciliação.

Por esses motivos, centraremos o nosso estudo nas respostas às ofensas, que mencionaremos concisamente sem detalhes. Em primeiro lugar, estabeleceremos uma breve cronologia da vida de D. Álvaro. Abordaremos depois a conaturalidade do perdão, o modo prático de perdoar ensinado por S. Josemaria, a integração da caridade com o próximo no governo e, finalmente, apresentaremos uma conclusão. O propósito é propor um tema e reflexões que forçosamente devem ser provisórias.

Relatos de amor e perdão

Conseguiu fugir pelo metro, que estava a fechar as portas exatamente quando Álvaro entrou e os seus agressores ficaram fora. Como ele mesmo dizia, “por isso, talvez, não me mataram

Retrocedendo à infância, um paralelismo percorre a vida de S. Josemaria e a de D. Álvaro. As duas famílias empobreceram. No caso de D. Álvaro, foi a revolução mexicana de princípios do século XX que se apropriou das propriedades e negócios da família da sua mãe e implicou a saída do país e a mudança para Espanha. Nos dois acontecimentos, vemos famílias cristãs que perdoam e que, de forma coerente com o perdão concedido, não transmitem o rancor aos filhos. Álvaro aprendeu dos seus pais a perdoar e a não guardar ressentimento dessa nação que amou durante toda a sua vida[9].

Em 1934, quando tinha 19 anos e ainda não conhecia S. Josemaria, foi brutalmente atingido na cabeça com uma chave inglesa, no ambiente violento da Espanha daquela época, depois de ter dado aula de catequese numa paróquia de Vallecas[10], em Madrid. Conseguiu fugir pelo metro, que estava a fechar as portas exatamente quando Álvaro entrou e os seus agressores ficaram fora. Como ele mesmo dizia, “por isso, talvez, não me mataram”[11]. A notícia da agressão foi publicada pelos principais jornais de Madrid. A sua irmã Pilar conta que Álvaro suportou a longa convalescença com “santa resignação”[12].

Dois anos depois, em 1936, começou a Guerra Civil Espanhola durante a qual, junto com tantas outras pessoas, passou anos de sofrimento. Devido às suas convicções cristãs, foi fugitivo e desertor; durante meses foi de um alojamento para outro, em casas particulares ou procurando refúgio em instituições consulares da Finlândia, México e Honduras. Esteve preso no cárcere de San Antón, do qual levavam diariamente pessoas para serem executadas e onde sofreu torturas e humilhações. Não pôde sair da Legação de Honduras, na qual permaneceu refugiado durante quinze meses, para ver pela última vez o seu pai agonizante, pois arriscaria a sua própria vida[13]. “A dureza da guerra civil acelerou o processo de amadurecimento espiritual do Servo de Deus, que aprendeu a perdoar de coração, e recordava aos outros o dever de perdoar ‘tudo a todos’”[14]. Raríssimas vezes se referiu durante a sua vida aos sofrimentos daquela época. Certa vez, numa reunião com sacerdotes, nas Filipinas em 1987, aproveitou para recordar o dever de perdoar: “Era um ódio incrível à religião. Mas é preciso saber perdoar”[15].

Como afirmava S. Josemaria, D. Álvaro havia recebido muitas vezes os golpes destinados ao fundador

Depois da guerra civil, vemo-lo sempre ao lado de S. Josemaria. Os anos quarenta do século passado foram os das calúnias mais intensas[16] contra a pessoa de S. Josemaria e contra o Opus Dei. As calúnias continuaram praticamente durante toda a vida do fundador, ao mesmo tempo que se dava a expansão apostólica da Obra por todo o mundo. D. Álvaro sofria junto de São Josemaria como seu colaborador mais próximo e, a partir de 1944, também como seu confessor. Nunca saberemos até que ponto Álvaro del Portillo sustentou o fundador nesta singular travessia do deserto. “Naquela época, a situação ganhou em pouco tempo dimensões tão grandes que S. Josemaria perguntava frequentemente a Álvaro: Donde nos insultarão amanhã?”[17]. Como afirmava S. Josemaria, D. Álvaro havia recebido muitas vezes os golpes destinados ao fundador[18]. Permaneceu sempre ao seu lado e nunca o deixou sozinho. Como indica Medina, “esta época pôs em evidência mais uma vez alguns traços de Álvaro, como o seu amor à verdade, a lealdade para com o fundador, a valentia e a fortaleza perante as adversidades, a serenidade e a paz interior, a prudência e a capacidade de perdoar”[19].

D. Álvaro foi, portanto, testemunha das ofensas infligidas desde 1935 até 1975 e das reações do fundador perante elas: como havia perdoado na prática e como era o seu olhar para o ofensor. E também da sua crescente união com Deus através da purificação passiva. Presenciou um estilo de perdão sobrenatural, completo, discreto e sem sentir-se vítima. Os casos foram tantos e o modelo de comportamento tão nítido que D. Álvaro saberia anos depois o que tinha que fazer. Além disso, no núcleo do espírito do Opus Dei que devia transmitir às gerações seguintes, encontra-se igualmente a capacidade de conviver com todos, compreender, desculpar e perdoar[20].

Em 1975, D. Álvaro foi eleito primeiro sucessor de S. Josemaria à frente do Opus Dei. Desde então, a fidelidade ao espírito da Obra e à sua conservação e defesa converteram-se numa missão para toda a vida. É a isso que se deve recorrer para compreender e interpretar as suas decisões.

Nestes quase quarenta anos vi Mons. del Portillo enfrentar provas que teriam abalado qualquer outro

A década de 1980 foi intensa e as dificuldades foram vindo uma após outra praticamente até a data do seu falecimento. Como prelado, enfrentou factos ofensivos relacionados com a configuração jurídica do Opus Dei antes e depois de 1982; e ainda, sobretudo entre 1979 e 1983, o grupo terrorista ETA iniciou uma série de atentados dirigidos a atividades do Opus Dei em Espanha[21]. No começo dos anos oitenta, surgiram episódios caluniosos de longa duração que dificultaram o trabalho apostólico em alguns países como a Alemanha (1983), Áustria (1983) e Suíça (1984), Itália (1986); Espanha e Holanda, também durante os anos oitenta. Finalmente, a campanha, de repercussões nos media internacionais, contra a beatificação do fundador antes de 1992[22].

Olhando para trás, o Cardeal Cheli dizia em 1994: “Nestes quase quarenta anos vi Mons. del Portillo enfrentar provas que teriam abalado qualquer outro; o Senhor permitiu frequentemente que o Opus Dei fosse objeto de calúnias, de suspeitas injustas e, às vezes de manobras malvadas. Ele havia aprendido de Josemaria Escrivá a perdoar, a cobrir a injustiça com a caridade. Abraçava a Cruz, perdoava, calava e continuava servindo, trabalhando. Isto, para mim, é heroísmo”[23].

Destaca-se repetidamente, nos testemunhos sobre D. Álvaro ou nas suas próprias palavras, a singular simbiose de caridade e fortaleza, que chegou a configurar uma marca de sua personalidade.

A conaturalidade do perdão ou o “perdão fácil”

O filósofo Paul Ricoeur intitula um dos capítulos do seu livro La mémoire, l’histoire, l’oubli ,“O perdão difícil”[24]. O texto é uma reflexão sobre o perdão e refere-se a ele dizendo que não é “nem fácil, nem impossível”[25]. Ricoeur considera o que é patente para todos: perdoar é difícil. Tanto que percebemos uma cumplicidade espontânea entre muitos cristãos: o perdão é admirável, mas não poderia ser exigido em algumas circunstâncias. A caridade tornou-se confortável e adapta o ethos evangélico do amor aos inimigos, diminuindo-o, restringindo o desenvolvimento da caridade até às consequências interpessoais e sociais. Diante da presença do mal, e mais ainda quando nos afeta pessoalmente, tendemos a deixar-nos superar por ele.

Perdoar é difícil porque, como indica também Ricoeur, “é essencialmente num sentimento que se dá a experiência da falta”[26]. A ofensa atinge primeiro a esfera emocional e esta funciona como uma caixa de ressonância no espírito que pode sentir-se incapaz de tomar a decisão de perdoar.

Por seu lado, Álvaro del Portillo escrevia em 1982, a respeito de uma campanha caluniosa na época da configuração jurídica do Opus Dei: “aprendemos a amar a aqueles que [...] não entendiam ou não queriam entender o nosso caminho. Aprendemos a ter paciência e aprendemos o perdão fácil”[27].

Vêm aqui à memória as conhecidas palavras de S. Josemaria: “Não precisei de aprender a perdoar, porque o Senhor me ensinou a amar

Era um modo paradoxal de expressar que ele tinha aprendido a tornar fácil o que é difícil. Há uma aprendizagem do “perdão fácil”. Vêm aqui à memória as conhecidas palavras de S. Josemaria: “Não precisei de aprender a perdoar, porque o Senhor me ensinou a amar”[28]. Dizia também em 1974 que “um homem que sabe perdoar tem algo de divino no seu carácter, porque só Deus nos ensinou a perdoar assim”[29]. Aprender a amar e saber perdoar são sinais de Deus nas pessoas.

Da aprendizagem do perdão emergem duas considerações: a primeira, que o motor do perdão é o amor e a segunda, que é preciso aprender a articulá-lo. Embora se possa outorgar instantaneamente, o perdão não é um ato invertebrado. A aprendizagem indica que uma coisa é perdoar e outra é que a decisão tomada envolva toda a pessoa (inteligência, vontade e esfera afetiva) e mantenha a decisão ao longo do tempo. O Evangelho traz esse significado dizendo que é preciso perdoar “de coração”[30] e a sabedoria cristã descreveu a totalidade como “perdoar de todo coração”.

No que se refere ao amor, quanto mais se ama, mais fácil é perdoar. Neste sentido, a dificuldade de perdoar não depende só da gravidade da ofensa, mas em grande medida da capacidade de amar do ofendido. Ser capaz de perdoar é um dom de Deus (“o Senhor ensinou-me a amar”) e fruto da correspondência da pessoa.

Para analisar a estrutura íntima do processo que leva ao perdão, a teóloga alemã Jutta Burggraf, refere-se aos “atos eminentemente livres”[31], que seriam os que são decididos e realizados em situações de especial resistência. A mesma autora indica que “aqui se vê claramente que o perdão, embora ligado a experiências afetivas, não é um sentimento. É um ato da vontade que não corresponde ao nosso estado psíquico. Podemos perdoar chorando. Quando uma pessoa realiza o ato de perdoar com liberdade, muitas vezes, o sofrimento perde a sua amargura e pode desaparecer com o tempo”[32].

“vivia as virtudes cristãs com simplicidade, sem ostentação humana, como algo que a graça divina tinha tornado conatural”

O ato fluirá com mais facilidade se há amor; e a sua repetição outorga conaturalidade. A facilidade de perdoar revela igualmente a transformação da pessoa pela caridade e esta conforma o lugar mais profundo, onde as decisões são tomadas[33]. Como dizia Francisco Ponz, ao relatar um episódio da vida de D. Álvaro durante a Guerra Civil, “vivia as virtudes cristãs com simplicidade, sem ostentação humana, como algo que a graça divina tinha tornado conatural”[34].

É o amor que pode levar uma pessoa a percorrer processo do perdão num segundo, com pleno conhecimento e advertência do seu alcance. A conaturalidade não impede a consciência da ofensa, do dano e das suas consequências, às vezes irreparáveis. Perdoar também não é renunciar à justiça nem à verdade. Perdoar é um ato de confiança em Deus e é assumir o risco da falta de correspondência por parte do ofensor.

O perdão que a caridade outorga tem relação com aquele “perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”[35], que poderia ser traduzido por “eu sei bem o que faço ao perdoar, tu não sabes o que fazes ao ofender”. Como escreveu D. Álvaronuma carta por ocasião de um atentado terrorista no santuário de Torreciudad em 1979: “Senhor, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem! Parece que sabem, sim, porque atuaram com perfídia diabólica: colocaram a bomba de modo que os confessionários ficassem destruídos. Incomodam-nos as ‘pegadas de Jesus’, como diria nosso Padre. [...] Parece que sabem, mas não sabem, porque o ódio os impede de conhecer a barbárie em que caíram: e perdoamos-lhes de todo o coração [...]”[36]. É hora de desterrar o tópico de que quem perdoa como um cristão não sabe o que faz. É hora de separar semanticamente o perdão da fraqueza.

Que a fonte do perdão é o amor, mostra-o na atualidade o testemunho de pessoas que, muitas vezes com uma fé simples perdoam com a referência tão fácil de expressar como radical de conteúdo do “amor aos inimigos”[37]: somos cristãos, devemos perdoar[38]. A este aspeto pode-se aplicar também o que recorda o Papa Francisco na Evangelii Gaudium: “A presença do Espírito confere aos cristãos uma certa conaturalidade com as realidades divinas e uma sabedoria que lhes permite captá-las intuitivamente, embora não possuam os meios adequados para expressá-las com precisão”[39].

Em 1982, quando Álvaro del Portillo se refere ao “perdão fácil”, haviam decorrido quase 50 anos desde aquele dia de fevereiro de 1934, quando tentaram acabar com ele em Vallecas. Esforçou-se sempre por perdoar. Para ele, o perdão tornou-se tão natural e próprio, que a paz e a serenidade diante das contradições ficava evidente no seu corpo e no seu sorriso.

O perdão vertebrado: o lema de S. Josemaria

“rezar, perdoar, trabalhar, sorrir”. Também: “calar”. E como consequência de tais atitudes, a união com Deus, a serenidade e a paz

O fundador do Opus Dei recordou muitas vezes que é preciso “aprender a fazer o bem”[40]. Álvaro del Portillo procurou ajustar-se sempre ao perdão transmitido diretamente por S. Josemaria, até interiorizá-lo. Tanto os escritos de D. Álvaro, como os testemunhos de terceiros em épocas diferentes, mostram a sua vontade invariável de perdoar seguindo o lema traçado por S. Josemaria e formulado com algumas variantes: “rezar, perdoar e trabalhar”. Outras vezes: “rezar, perdoar, trabalhar, sorrir”. Também: “calar”. E como consequência de tais atitudes, a união com Deus, a serenidade e a paz[41].

O perdão outorgado por S. Josemaria harmoniza os níveis teológico e psicológico. As pautas nasciam, sobretudo, da caridade com Deus. Depois, da sua experiência de perdão e do conhecimento da psicologia humana. Em particular, pela forma como o delito age sobre a pessoa ofendida e das medidas que devem ser adotadas, não só para minimizar os seus efeitos, mas para reverter a ofensa numa oportunidade de amar a cruz. S. Josemaria oferece um caminho para materializar a ação da caridade com o próximo que me ofendeu aqui e agora.

A primeira coisa que D. Álvaro fazia era pensar como o fundador teria atuado. Por exemplo, eis como respondia a uma carta de apoio que o Cardeal Ratzinger lhe tinha enviado em 1986 por ocasião das dificuldades padecidas na Itália: “[...] Basta-nos seguir o exemplo do nosso queridíssimo fundador diante das calúnias: embora lhe doessem por causa da ofensa a Deus e do dano causado às almas, perdoava de todo o coração, rezava pelos caluniadores, sorria e continuava trabalhando infatigavelmente para cumprir a vontade de Deus. Nós também nos esforçamos para atuar deste modo [...]”[42].

Ou numa carta ao vigário do Opus Dei em Espanha em 1980, poucos dias depois de receber a notícia de um atentado à bomba na Universidade de Navarra: “A primeira reação que me veio espontaneamente ao coração e à cabeça [...] foi pensar como teria reagido o nosso queridíssimo Padre perante esse ataque [...]. Não demorei nem um segundo para recordar o que ele viveu sempre em grau heroico: amar a todos, também aos que se consideram inimigos da Obra de Deus; perdoar, de todo o coração, lembrando-nos da paciência de que Deus Nosso Senhor tem connosco, com cada um de nós; e, imediatamente, rezar pelos que cometem estas violências, para que o Senhor ilumine as suas almas e eles retifiquem os seus descaminhos”[43].

Chama a atenção o facto de D. Álvaro sublinhar o perdão desde o primeiro momento, como lhe tinha aconselhado S. Josemaria: “O Padre ensinava a perdoar a todos e logo”[44]. Devemos não dar só uns passos, mas fazê-lo logo: “imediatamente – antes de mais nada – procurei desagravar o Senhor por este gesto louco [...] e, depois destes primeiros pensamentos, ou simultaneamente, outros, bem fortes vieram-me à cabeça e ao coração: Senhor, perdoa-lhes [...]!”[45]

A prontidão em chegar à “atitude de perdão”[46] evita que a gama de emoções negativas ganhem terreno, enfraqueçam o autodomínio e cheguem a impossibilitar o perdão. A decisão de perdoar desde o primeiro momento, e depois mantida, atua como um muro de contenção fechando a passagem ao aluvião emocional. Perdoar desde o primeiro momento é difícil porque é imediatamente depois da ofensa que a sensibilidade mostra os seus efeitos com mais intensidade.

Inclusive perdoando assim acontece que, como o mar na ressaca, os sentimentos negativos voltam repetidas vezes. A ofensa contém um alto potencial de retorno: por exemplo, quando vemos ou ouvimos falar da pessoa que nos ofendeu, ou outro estímulo recorda a ofensa.

O perdão circula normalmente em duas velocidades. A primeira seria a decisão de perdoar e a segunda, a reafirmação na decisão tomada

Por isso é preciso prestar atenção a outro aspeto ao qual Álvaro del Portilllo se refere frequentemente, que é, “perdoar de todo o coração”, “perdoar e perdoar de todo o coração”. O perdão circula normalmente em duas velocidades. A primeira seria a decisão de perdoar e a segunda, a reafirmação na decisão tomada, enquanto se padece a dor no decurso do tempo. A segunda corre mais lentamente porque nem sempre controlamos a sensibilidade que, não sem resistência, deve ceder à “tomada de posição” inicial. O que as pautas do perdão descobrem é a corrida de obstáculos que quem quiser perdoar verdadeiramente encontrará.

O perdão fundamentado na caridade, embora não evite o sofrimento, voa mais alto do que estas considerações, assumindo-as. O fim de quem perdoa é a identificação com a vontade divina, que ajuda a “perdoar, e perdoar de todo o coração”. A presença do perdão como união com Deus envolve o tom sobrenatural dos escritos de Mons. del Portillo. Numa carta na qual respondia à viúva de uma pessoa recém assassinada por um grupo terrorista, que já havia perdoado; depois de dizer que “a tua carta, cheia de sentido sobrenatural, deu-me um grande consolo”, dizia-lhes: “peço além disso ao Senhor – pela intercessão do nosso Padre – que conserveis a paz e a serenidade, que vos ajude a amar a Sua Vontade santíssima sem simplesmente conformar-se com aceitá-la, e que vos encha das suas graças porque, como bons filhos seus, deveis perdoar”[47].

Governo e perdão

No que se refere aos anos em que Álvaro del Portillo foi prelado do Opus Dei, deter-nos-emos em alguns momentos do seu governo que refletem as diferentes maneiras de expressar a caridade em diálogo com a prudência, a fortaleza, a justiça, a verdade ou o exercício da paternidade.

A radicalidade do mandato de amar os inimigos poderia levar ao equívoco de que o perdão implica renúncia à justiça e à verdade. Não há dúvida de que algumas vezes o perdão implica isso. No entanto, outras vezes não, e é então que muitas vezes se avalia se o perdão outorgado é verdadeiro, principalmente se dessa atuação pessoal derivam efeitos para outras pessoas ou instituições. A compenetração da caridade e da fortaleza em D. Álvaro revela-se também na ação dirigida a pedir justiça ou a esclarecer a verdade.

Procurar a verdade e a justiça por rancor não é a mesma coisa que procurá-las por caridade. O rancor proporciona a possibilidade de que a justiça degenere na vingança e no surgimento de novas ofensas. A justiça estimulada pelo perdão alcança melhor o seu próprio fim. Por sua vez, a procura da verdade poderia degenerar no acumular de motivos que tornem válido o próprio ressentimento, em vez da recordação já transformada pelo amor à qual agora, ao conhecer toda a verdade, se acrescentam novas revelações. É difícil permanecer na caridade e na serenidade durante a busca da justiça e da verdade, porque se revive o passado ofensivo e seus efeitos.

Por outro lado, as medidas a adotar perante uma ofensa não são sempre idênticas. É próprio da caridade equilibrar a intensidade da participação das outras virtudes, conformando a atuação final segundo as circunstâncias. Como indicam Burkhart e López, “a caridade com essas pessoas [os ofensores] pode exigir às vezes empregar os meios para impedir que façam o mal, mas outras vezes pode levar a não impedi-lo”[48].

no caso dos ataques pessoais, S. Josemaria não respondia, mas fazia-o quando se tratava da Obra ou de filhas ou filhos seus, e D. Álvaro procurava atuar da mesma forma

Assim, no caso dos ataques pessoais, S. Josemaria não respondia, mas fazia-o quando se tratava da Obra ou de filhas ou filhos seus, e D. Álvaro procurava atuar da mesma forma[49].

Em relação à Obra, conserva-se uma boa quantidade de testemunhos que referem entrevistas de D. Álvaro cujo objetivo era explicar a Obra, desfazer mal-entendidos ou mostrar a verdade diante de falsidades. A origem desses encontros era muitas vezes uma calúnia que chegava a seus ouvidos ou aos de S. Josemaria. Às vezes conseguia-se desfazer o mal-entendido ou a calúnia e outras vezes não, mas cumpria-se assim um dever de justiça. Não foi pouco o tempo e o esforço investidos por D. Álvaro nessa tarefa ao longo da sua vida. A sua caridade e simplicidade, junto com a coerência ao defender a verdade[50], transformaram muitas relações em amizades para toda vida[51].

Na mesma linha de amor à verdade e de fortaleza se encontra a interpelação no Parlamento italiano de três deputados que pretendiam aplicar ao Opus Dei a legislação das seitas. “Mesmo quando o eco da polémica se extinguiu, o Servo de Deus insistiu diante das autoridades civis italianas para que a verdade fosse proclamada publicamente”[52]. E assim aconteceu. Quando a verdade sobre a Obra estava em jogo, ele enfrentava qualquer obstáculo e chegava até onde fosse necessário para que a verdade fosse proclamada[53].

Por outro lado, noutras circunstâncias, depois de uma campanha difamatória da cadeia de televisão alemã WDR em 1983, em que numa série de programas “ o Opus Dei foi qualificado como seita religiosa e sociedade secreta de grande perigosidade social [...], o Opus Dei foi aos tribunais civis contra os autores daquelas gravíssimas calúnias. [...] Os tribunais aceitaram a queixa declarando que as ações da WDR constituíam uma grave lesão dos direitos fundamentais da pessoa”[54].

Ao mesmo tempo que estes episódios, D. Álvaro ajudava seus filhos a manter um grande sentido sobrenatural e a perdoar. Pedia-o nas cartas que lhes enviava ou nos encontros que mantinha com eles. Exigia caridade heroica e punha-se na pele de quem sofria e de suas necessidades.

D. Álvaro, como um bom pai, acompanhava os seus filhos e transmitia-lhes paz e serenidade. Como indicação de conduta prática, viveu e ensinou o que tinha aprendido de S. Josemaria: que os fiéis da Obra não falassem entre si das ofensas, para evitar até mesmo a ocasião de faltar à caridade contra os ofensores e não desperdiçar energia que deveria ser dirigida à evangelização[55].

escrevia aos seus filhos da Alemanha depois da publicação de um livro calunioso: “Semeai incansavelmente a paz e o amor de Cristo em tantos corações

Impulsionava a continuar com o trabalho apostólico sem se deixar abater pelas contrariedades. Por exemplo, escrevia aos seus filhos da Alemanha depois da publicação de um livro calunioso: “Semeai incansavelmente a paz e o amor de Cristo em tantos corações que estão à espera de uma voz que os estimule. Sede indomáveis. Não vos deixeis intimidar por essas vozes farisaicas”[56]. Procurava igualmente acompanhá-los fisicamente. “Mons. del Portillo acompanhou de perto os seus filhos alemães naqueles momentos, indo vê-los com frequência e animando-os a ter confiança em Deus e a não se deixar atemorizar [...]”[57]. “Durante aqueles anos de dificuldades fez quinze viagens à Áustria” e “entre 1987 e 1993 foi à Suíça quarenta e sete vezes”[58].

As suas chamadas à paz, apoiadas na confiança em Deus, são também abundantes. Numa tentativa de transmitir serenidade àqueles que ele pensava que podiam precisar, escrevia em 1980 a Florencio Sánchez Bella, quando recebeu a notícia do atentado terrorista à Universidade de Navarra, antes citado: “Fiquei com muita paz, e foi esta a noite em que melhor dormi desde que cheguei a Londres. Portanto, filhas e filhos, muita paz!”[59].

Testemunha de perdão num mundo conflituoso: a fraternidade criadora

Comove reler um testemunho sobre D. Álvaro do início dos anos trinta: “Tenho gravada na memória a imagem de Álvaro, com um daqueles pobres meninos no colo, pelas ruas de Madrid, a caminho do Asilo”[60]. Tratava-se de vários irmãos pequenos que Álvaro e um amigo haviam encontrado abandonados numas barracas, pois os pais tinham sido detidos pela polícia. Como dizia D. Álvaro, “o contacto com a miséria humana produz um choque, o que me preparou para o momento em que me apresentaram o nosso Padre”[61].

O perdão e a misericórdia são parentes próximos. D. Álvaro, assim como S. Josemaria, outro paralelismo entre eles, tiveram como escola de misericórdia a pobreza extrema de grandes áreas de Madrid. Deus preparava Álvaro para o futuro, dando-lhe um coração capaz de amar, de compreender e de perdoar. Dos numerosos testemunhos recolhidos da sua vida, pode ver-se a resposta de caridade heroica, que deu em todo momento, não sem esforço.

sentir dor pela ofensa a Deus, pensar em tudo que Deus perdoa a cada um, perdoar desde o primeiro instante, perdoar de todo o coração, rezar pelo ofensor, calar, trabalhar, sorrir (não perder a alegria), serenidade e paz

O Opus Dei recebeu do fundador e de Álvaro, na sua fidelidade a S. Josemaria ao viver a caridade com o próximo que ofende, um legado transcendental. Trata-se de uma herança da qual sempre se pode tomar maior consciência, para conservá-la e transmiti-la tal e como foi recebida e que garante também a unidade da Prelatura.

Resumindo as suas atitudes, o caminho depois da ofensa seria: sentir dor pela ofensa a Deus, pensar em tudo que Deus perdoa a cada um, perdoar desde o primeiro instante, perdoar de todo o coração, rezar pelo ofensor, calar, trabalhar, sorrir (não perder a alegria), serenidade e paz. Mesmo com essas atitudes, considerar que é preciso pedir justiça e verdade.

Este modo concreto de perdoar poderia servir para toda a mulher e todo o homem, especialmente para os cristãos da Igreja de hoje. “Cristo não redime somente a pessoa individual, mas também as relações sociais entre os homens”[62]. Os cristãos devem sair do solilóquio da culpa para entrar no diálogo do perdão. O cristão não é um ingénuo que pensa que por perdoar as ofensas, estas vão desaparecer do mundo, nem sequer da sua pequena galáxia de relações. Mas sabe que o perdão, como forma de amor, acrescenta sempre um registo intangível e inesperado.

O Papa Francisco indica, entre as propostas para a nova evangelização “desenvolver um novo discurso da credibilidade

O desenvolvimento da caridade chega sempre mais longe do que qualquer recurso humano idealizado para resolver conflitos, como a negociação ou os equilíbrios de força, meios que muitas vezes será preciso promover. Se não há perdão, a rota e o destino já estão marcados. O “mandamento novo” diz respeito não só à relação em si, mas também a modos novos e práticos de transformar os conflitos onde parecia não haver solução. Se permitirmos que a caridade desenvolva todo o seu potencial, então “o Espírito Santo possui uma inventiva infinita, própria de uma mente divina, que se ocupa de desatar os nós dos acontecimentos humanos, inclusive os mais impenetráveis”[63]. É a fraternidade criadora.

O Papa Francisco indica, entre as propostas para a nova evangelização “desenvolver um novo discurso da credibilidade”[64]. Parte do ”discurso” inclui a promoção de um novo circuito de valores entre as pessoas, de forma que o amor entre os cristãos continue sendo um sinal reconhecível da sua identidade.

O exemplo de perdão de Álvaro del Portillo será muito útil para recuperar o perfil hoje deformado, de um ato inspirado pelo amor, não determinado por um sentimento nem associado à debilidade nem ao temor. No perdão assim outorgado, a caridade estabelece a medida da verdade e da justiça. O perdão cobre também o trecho que a verdade e a justiça deveriam percorrer quando não são possíveis. O perdão é então o nivelador final.

- ESC – Edizioni Santa Croce

Comunicação apresentada por Jaime Cárdenas no Congresso por ocasião do Centenário de Álvaro del Portillo, na Pontifícia Universidade da Santa Cruz (12-14 de março de 2014).


[1] C. MCCARTHY, Este País Não É Para Velhos, Ed. Relógio d´Água, Lisboa 2007.

[2] “[...] As impressões que conservo daquelas e de outras ocasiões de contacto com D. Álvaro são as de uma pessoa [...] muito serena e inteiramente pacífica”, Perfil Cronológico-Espiritual do Servo de Deus Mons. Álvaro del Portillo, Bispo Prelado do Opus Dei (1914-1994), Postulação da Causa, Roma, 2002, Carta do Cardeal Cassidy a Mons. Javier Echevarría, p. 156. Cf. também, na p. 68, a mesma ideia em relação à época das calúnias nos anos quarenta do século XX na Espanha.

[3] “A fortaleza de Mons. Álvaro del Portillo [...] era uma das características principais de sua personalidade”, Perfil Cronológico-Espiritual, p. 233. “D. Álvaro foi, desde jovem, um homem valente”, J. ORLANDIS, Mis recuerdos, Primeros tiempos del Opus Dei en Roma, Rialp, Madrid, 2005, p.44.

[4] S. JOSEMARIA, Sulco, n. 59, www.escrivaworks.org

[5] Perfil Cronológico-Espiritual, testemunho do Cardeal Deskur, pp. 233-234.

[6] S. João Paulo II, Mensagem para a celebração da XXX Jornada Mundial da Paz, 1/01/1997, Oferece o perdão, recebe a paz, www.vatican.va .

[7] Mt 5, 44.

[8] Cf. M. E. MCCULLOUGH, & A.D.COHEN, Writing about the personal benefits of a transgression facilitates forgiveness, “Journal of Consulting and clinical Psychology”, 74 (2006), 2887-897, Agradeço a contribuição de Patricia Díez Deustua, Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar (Universidade Internacional da Catalunha).

[9] Cf. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, Un hombre fiel, Rialp, Madrid, 2012, pp. 33-34.

[10] Cf. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 78-80.

[11] Cf. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 78-80.

[12] Cf. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp.78-80.

[13] Cf. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 107-173, para uma panorâmica da vida de Álvaro del Portillo durante a Guerra Civil Espanhola.

[14] Perfil Cronológico-Espiritual, p.48. “Ao terminar a Guerra Civil, Álvaro seguiu o exemplo dado por S. Josemaria: perdoar e esquecer, rezar pelos de um lado e pelos do outro, contribuir para o bem comum com o seu trabalho pessoal”, J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p. 180.

[15] Perfil Cronológico-Espiritual, p. 48.

[16] Para um relato desta época, cf. A. VÁZQUEZ DE PRADA, Josemaria Escrivá, Vol. II, Verbo, Lisboa, 2002. No que se refere a D. Álvaro neste período, cf. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 203-209.

[17] Perfil Cronológico-Espiritual, p. 68.

[18] “Álvaro é um modelo, e o meu filho que mais trabalhou e mais sofreu pela Obra”, Perfil Cronológico-Espiritual, p. 231. Palavras de S. Josemaria.

[19] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p. 205.

[20] Cf. J. CÁRDENAS, S. Josemaría, maestro de perdón, em “Romana”, n. 52, Roma, 2011, p. 186-187.

[21] A organização terrorista ETA (Euskadi y Libertad), socialista e separatista, surge em 1958 no País Basco, Espanha, e conta com uma longa história de violência.

[22] Cf. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 573-579, para uma visão de conjunto das dificuldades dos anos oitenta do século passado.

[23] Perfil Cronológico-Espiritual, testemunho do Cardeal Cheli, p. 233.

[24] P. RICOEUR, A memória, a história, o esquecimento, (edição em português do Brasil: Editora Unicamp, Campinas, 2007). (N.T. Não encontrámos tradução em português europeu, pelo que citamos a obra em francês no corpo do texto)

[25] P. RICOEUR, A memória…, p. 465.

[26] P. RICOEUR, A memória…, p. 467

[27] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, “Carta 28/11/1982”, n. 18, p. 505.

[28] S. JOSEMARIA, Sulco, n. 804, www.escrivaworks.org.