A minha caminhada misteriosa até à Igreja Católica

A história de Onyekachi, de Enugu (Nigéria), e da sua caminhada até à Igreja Católica.

Nasci numa família anglicana muito praticante, e cresci acreditando firmemente nas tradições da Comunhão Anglicana. A minha família participava dos serviços religiosos todos os domingos, mas depois eu e os meus irmãos não tivemos um desenvolvimento espiritual mais profundo. Isso resultou numa atitude de desleixo em relação à religião e suas práticas. Já adulto, decidi casar-me com uma católica e não houve grande objeção, como seria de esperar de uma família anglicana a sério, eles apenas insistiam que eu deveria casar-me na Igreja Anglicana.

Após o casamento, a minha mulher, que é católica, por ser muito piedosa e de vontade firme, insistiu em continuar a participar da Igreja Católica. Então, aos domingos, normalmente separávamo-nos, cada um segundo a fé na qual fora educado. Isso durou aproximadamente seis anos. Era como um: “Vai para as tuas tendas, Israel”. Porém, de vez em quando eu acompanhava-a à igreja, e descobri que estava a gostar da solenidade da Missa Católica, notei um certo sentimento de assombro, de temor quando o padre levantava o Pão, a campainha tocava e se fazia um grande silêncio entre todos na igreja. Então comecei a participar mais vezes da Missa com a minha mulher nos cinco anos seguintes. Naturalmente, a cada Missa, eu fazia comentários sobre as coisas de interesse que observava durante a Missa, especialmente sobre os pontos mais significativos da homilia. Às vezes, brincava sobre isso e ríamos, e a minha mulher tentava-me explicar, como sabia, a doutrina da Igreja e por que o sacerdote tinha feito tais observações.

Temos dois filhos, um rapaz e uma rapariga. A rapariga, que é a mais velha, está num colégio interno no ensino secundário. O rapaz está matriculado no Hillrange Primary School, GRA, Enugu. Descobrimos que neste colégio a formação está confiada ao Opus Dei, que cuida do desenvolvimento espiritual dos seus alunos, e por extensão, dos pais dos alunos. Todos os alunos recebem aulas de catequese da doutrina católica como parte do currículo escolar. Também lá, um sacerdote do Opus Dei orienta espiritualmente alunos e funcionários do colégio. Quando completam as aulas de catecismo, são recebidos na Igreja Católica e começam a receber a Sagrada Comunhão. Quando chegou a altura de o meu filho fazer a Primeira Comunhão, viram que ele tinha sido batizado na Igreja Anglicana, então a minha mulher e eu fomos chamados para uma entrevista, e demos o nosso consentimento para todo o processo continuar. A minha mulher aproveitou a oportunidade para pedir ao sacerdote que eu também fosse recebido na Igreja juntamente com o meu filho. O pedido dela foi para mim uma surpresa, porque não tínhamos conversado sobre isso antes, mas não recusei a ideia. No entanto, o sacerdote disse-lhe que isso não seria possível sem eu receber catequese sobre a doutrina católica, a entender bem e estar convencido de que realmente queria ser católico. Aceitei prontamente receber as aulas de catecismo.

Em julho de 2022, o sacerdote convidou-me para nos encontrarmos no centro do Opus Dei em Trans Ekulu. Quando cheguei, apresentou-me ao Charles, um supranumerário, que se dispôs a ensinar-me o catecismo. O Charles sugeriu-me comprar um Compêndio da Doutrina Católica, enfatizando que seria bom lê-lo em casa nos meus tempos livres antes das aulas. O meu horário de trabalho interferiu muito, mas gradual e pacientemente, ele trabalhou o livro comigo, ponto a ponto, explicando em detalhe e com muitas referências o significado, implicações e contexto de cada um. Demorou mais tempo nos pontos em que a fé católica e a anglicana divergem. Incentivou-me a fazer as perguntas que fossem necessárias sobre as áreas mais difíceis em relação à Confissão, à Eucaristia, especialmente como Jesus está presente no pão após a consagração – um mistério profundo –, à Virgem Maria, ao terço, orações católicas e espiritualidade, e pacientemente explicou-me tudo até que eu estivesse certo de que tinha compreendido perfeitamente. Então fizemos uma revisão, ele fez perguntas e a cada pergunta a que eu não conseguia responder, repetia as explicações. Levámos seis meses intensos para estudar o livro todo, depois o sacerdote avaliou-me e ficou satisfeito. Naquele mesmo dia, ouviu a minha primeira Confissão. Senti-me desconfortável, mas o sacerdote, paternalmente, ajudou-me, sorrindo o tempo todo e brincando comigo. Marcou a minha entrada formal para o domingo seguinte, e contei à minha mulher por telefone, para garantir que ela estivesse presente. É gerente numa empresa de transportes em Nnewi, ficou muito animada, e organizou-se rapidamente para ter o fim de semana livre.

O grande dia chegou, vestimos as nossas melhores roupas, a minha mulher, o meu filho e eu, e fomos conduzidos ao oratório do centro da Trans Ekulu para a Missa. Havia um bom número de membros da Obra, e Charles, o meu guia. O mesmo sacerdote do Opus Dei, que me tinha acompanhado o tempo todo, presidiu à Missa e expressou a sua alegria por me receber como um novo irmão na Igreja, e invocou o Espírito Santo sobre mim para habitar na minha alma daquele momento em diante. Eu estive totalmente absorvido durante a celebração. Após a homilia, fui chamado e questionado sobre a minha fé. “Crês em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do Céu e da Terra?”; “CREIO”, respondi com força. “Crês em Jesus Cristo, Seu único Filho, que foi concebido pelo Espírito Santo, nascido...?” “CREIO”. Olhei para o Charles e ele acenou com a cabeça para me encorajar. E continuei a responder com confiança às questões do sacerdote até que ele acabasse. Então ele entoou: “Esta é nossa fé. Esta é a fé da Igreja... em nome de Jesus Cristo nosso Senhor. Ámen”.

E chegou a hora da Sagrada Comunhão, fui o primeiro a ser chamado para receber o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, depois a minha mulher e o meu filho. Depois da Missa, enquanto estávamos a tirar fotografias, sentia-me leve como uma pena. Tudo o que me diziam deixava-me cada vez mais feliz. Pura e simplesmente não consigo explicar como tudo isso aconteceu. Foi uma maravilha. Não consigo dizer quem estava mais feliz, se eu, a minha mulher ou o meu filho. Muitas graças sejam dadas a Deus, e a todos aqueles que trabalharam para que a graça de Deus viesse e fizesse morada em mim.