Sessão de homenagem a D. Alberto Cosme do Amaral

Decorreu no passado dia 7 de Outubro no Santuário de Fátima uma sessão de homenagem a D. Alberto Cosme do Amaral, por ocasião do centenário do seu nascimento. Tratou-se de uma iniciativa conjunta da Diocese de Leiria-Fátima, do Santuário de Fátima e da Prelatura do Opus Dei.

D. Alberto nasceu a 12 de Outubro de 1916 e faleceu a 7 de Outubro de 2005. Ordenado bispo em 1964, passou como auxiliar pelo Porto e por Coimbra, mas foi como Bispo de Leiria, entre 1972 e 1993, que exerceu mais plenamente o seu ministério episcopal. Foi o primeiro Bispo titular da diocese com o nome de Leiria-Fátima. Foi também o primeiro sacerdote agregado da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz em Portugal.

“A sua vida e ação foram um ‘cântico de amor’, expressão que usava frequentemente”, lembrou D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, na abertura da sessão solene. Referiu igualmente que “foi um homem de Deus, contemplativo, de fé e espiritualidade profundas, e pastor dedicado ao serviço do Povo de Deus”.

Coube ao monsenhor Hugo de Azevedo, da Prelatura do Opus Dei, fazer a apresentação da biografia do homenageado, da autoria do padre Manuel Fernando Silva. Na obra apresentada nesta sessão, D. Alberto surge como “alguém que procura permanentemente a glória de Deus e a felicidade das almas”. Por isso, “torna-se difícil procurar grandes feitos na sua vida, pois fazia o que podia para não deixar memória”. Mas são os episódios simples do seu dia a dia que deixam transparecer um “homem feliz, sacerdote feliz, bispo feliz, que não queria perder tempo com algo que não fosse servir a Deus e ao próximo, muito inteligente, sereno, bem humorado, sério e responsável”, resumiu Hugo de Azevedo. Com humor, lembrou alguns episódios do seu relacionamento pessoal com D. Alberto, que visitava regularmente no Santuário de Fátima ou em Leiria. “Com suave bom humor, prudência nas palavras, muito amigo do sacrário e muita terra a terra, gostava de falar das coisas simples da vida, evitava mencionar os cuidados diocesanos ou as cartas que trocava com o fundador do Opus Dei, S. Josemaria Escrivá de Balaguer”. Era o “bispo da Virgem, a quem confiava muitas intenções que tinha, para que rezasse por elas e as transmitisse a Nossa Senhora”, confessou o monsenhor.

O padre Manuel Fernando Silva, autor da biografia, referiu o desejo de no futuro elaborar um novo livro com “a biografia que D. Alberto merece que se escreva”.

O padre Augusto Pascoal ofereceu depois um testemunho pessoal de sacerdote da diocese que guarda a imagem de “um bispo verdadeiramente preocupado com o essencial” e que, “num ambiente muito difícil para a sociedade e a Igreja soube basear a sua ação “na meditação constante e no estudo apurado”, com discrição e muito confiante “na criatividade do seu clero”. Sem tempo para “futilidades ou tarefas inúteis”, a sua vida pode resumir-se na palavra “amor”, não como “estratégia pastoral”, mas como “algo muito sério, como o amor de um pai a um filho, que ama porque ama”. Para memória futura ficam também as suas intervenções “belas na forma e ao serviço da segurança doutrinária”, que guardava de forma organizada. “A análise e publicação dos seus escritos é a homenagem que merecia e que espero não tarde muito”, concluiu o padre Augusto Pascoal.

A tarde de homenagem terminou com a celebração da Eucaristia, na basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde repousam os restos mortais de D. Alberto. “Colocou a sua vida de episcopado sob o olhar terno e materno de Maria”, referiu D. António Marto. Lembrando a sua devoção pelo Rosário, o bispo diocesano frisou que esse continua a ser “o segredo para a reconciliação e a paz nas famílias e no mundo”, no fundo, para cumprir a mensagem que Nossa Senhora veio trazer de “levar o amor misericordioso de Deus ao mundo sedento de paz”.