Jovens que mudam o mundo

Durante a Semana Santa reúnem-se em Roma milhares de jovens dos cinco continentes no congresso UNIV que se realiza, ininterruptamente, desde 1968. São já várias as gerações que passaram pelos encontros UNIV e, em todas elas, há um denominador comum: jovens que procuram ter um protagonismo ativo na melhoria da sociedade. Este ano o tema proposto e sobre o qual os participantes refletiram previamente é “Cosmos. Ecologia da pessoa e do ambiente”.

Maio de 68; a cadeia de protestos que ocorreram em Paris, durante os meses de maio e junho de 1968, estendem-se por meio planeta. O mal-estar dos universitários – estudantes e docentes –, a crise das estruturas e sobretudo a procura de uma relação diferente entre professores e estudantes constituíam uma realidade objetiva, que mergulhava a sua raiz nas próprias transformações sociais emergentes em todo o mundo no início dos anos 70.

Agosto de 2010; arranca outra revolução; jovens de países árabes começando por Tunes e pelo Egipto revoltam-se em protesto pela falta de liberdade nos seus países. Essa revolta tem repercussão no mundo inteiro graças às redes sociais e gera-se um movimento unânime em apoio à denominada “primavera árabe”.

Duas datas, uma mesma realidade, os jovens parecem decididos a tomar as rédeas do seu destino nas próprias mãos, muito mais consciencializados do que se poderia supor. De facto, os jovens sempre estiveram prontos e decididos a não observar o mundo do lado de fora.

Para canalizar as inquietações dos jovens universitários, nascem em 1968 os Encontros UNIV, promovidos pelo Instituto para a Cooperação Universitária, sob o impulso de São Josemaria. O êxito do UNIV que realiza a sua 46ª edição em abril de 2014 é que procura oferecer soluções positivas à rebeldia estudantil que nasceu no ano de 1968. Trata-se de estudar os problemas, abrir um diálogo entre os componentes da comunidade universitária, não reivindicar só os direitos sem pensar em assumir primeiro os próprios deveres,... acaba por ser mais atraente e “revolucionário” do que qualquer forma de protesto.

Ecologia e pessoa

Em cada ano o comité organizador do foro UNIV propõe um tema de estudo; este ano é: “Cosmos. Ecologia da pessoa e do ambiente”. Podem participar estudantes universitários, de modo individual ou em grupos de trabalho, de forma livre ou dirigidos por algum professor da universidade. Estudam um tema, aprofundam-no e apresentam as conclusões numa primeira fase local que se realiza nalgumas cidades de diversos pontos do globo. Finalmente, os melhores trabalhos são selecionados para serem levados à fase final do Foro UNIV que tem lugar em Roma, por ocasião da Semana Santa.

Maria, estudante do 4º ano de enfermagem da Universidade de Valência participou no Foro nos três últimos anos e pensa que “é uma oportunidade para pensar e canalizar a aspiração de mudar o mundo pondo o meu grãozinho de areia. Tive a oportunidade de apresentar uma comunicação três anos seguidos em Roma – continua – e escutar as dos universitários dos cinco continentes”. Poder dialogar e confrontar os nossos problemas com os de jovens de outros países “abriu-me horizontes e fez-me reconsiderar os meus próprios critérios e começar a construir numa base mais universal, mais verdadeira” acrescenta.

Ángela, Elena e Amalia estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Saragoça, refletiram sobre a “Ecologia do embrião”, com a orientação da doutora Estíbaliz Jarauta. Ángela estudante do 3º ano, salienta que o facto de apresentar uma comunicação lhe serviu para pensar e se aperceber do que constitui uma vida humana, “isso é verdadeira ecologia; é, não só, respeitar as árvores, os rios, o planeta, mas principalmente o respeito que merece cada embrião fecundado, cada pessoa humana”. Ángela foi a porta-voz do grupo na fase local de Madrid no passado dia 23 de março. O seu trabalho foi selecionado para apresentação na fase final do Foro UNIV.

Três santos que acreditavam nos jovens

João Paulo II reuniu-se durante mais de 25 anos com os participantes nos encontros UNIV; sempre acreditou na força transformadora da juventude como esperança da sociedade. No ano de 2002 numa audiência com eles dizia-lhes: “resisti, queridos jovens do UNIV, à tentação da mediocridade e do conformismo. Só assim podereis fazer da vida um dom e um serviço à humanidade; só deste modo contribuireis para aliviar as feridas e os sofrimentos de tantos pobres e marginalizados que continua a haver neste nosso mundo tecnologicamente avançado” (Audiência 25 de março 2002).

D. Álvaro del Portillo – que foi sucessor de São Josemaria, promotor desta iniciativa – recebia anualmente os jovens do UNIV. Numa ocasião, dirigindo-se a estudantes universitários animava-os a “serem jovens com convicções e embarcar na aventura de entusiasmar um mundo cansado” e continuava, "longe do protesto estéril e do conformismo passivo, os universitários devem esforçar-se por superar o atordoamento que traz consigo a frivolidade hedonista; devem conseguir a aquisição de uma profunda formação intelectual e humana, que faça deles mulheres e homens maduros, cidadãos responsáveis, pessoas cultas, profissionais competentes. Porque só se chegarem às suas raízes antropológicas e religiosas, é possível compreender com profundidade a crise atual e encontrar vias para que as presentes transformações desemboquem numa civilização harmónica e fecunda,...”Del Portillo A., Discurso “Dar entusiasmo a un mundo cansado” publicado em “Nuestro Tiempo”, n. 477 (março 1994) pp.120-124.

Essas palavras continuam a ser atuais porque a rebeldia, o inconformismo, os grandes sonhos, caraterísticas da juventude não se perderam, pelo contrário, continuam em alta.

Site Oficial do Univ