Foi Deus quem me escolheu antes sequer que Eu me desse conta

Entrevista a António Alves Mendes, um português que será ordenado diácono no próximo sábado (29 de Outubro) em Roma.

António Alves Mendes

1. O que leva um jovem a querer dedicar a sua vida aos outros através do sacerdócio?

É uma boa pergunta para fazer a Deus... Foi Ele quem me escolheu antes sequer que Eu me desse conta. Deus tem as “suas loucuras” e está presente na nossa vida; mais até do que imaginamos. A resposta só pode ser compreendida se amamos a Deus. Em breve, vou celebrar a Missa, e, assim, espero levar as pessoas a Jesus.

Foi Deus quem me escolheu antes sequer que Eu me desse conta. Deus tem as “suas loucuras”.

Também quero dar a alegria de Deus na confissão, porque quando Lhe pedimos perdão, recebemos um grande abraço de Deus. É por tudo isto que quero ser sacerdote: para servir todas as pessoas que conheça durante a minha vida.

Jesus não é um Deus distante, mas anda perto de cada um, lado a lado. É algo muito grande: Deus está na nossa vida e, tantas vezes, nem sequer lhe dirigimos um afeto do coração, como se faz numa família, ao chegar a casa. Quero ser sacerdote porque Deus quis; porque quero estar perto dEle e, com a Sua ajuda, perto de todos, seja quem seja.

A resposta só pode ser compreendida se amamos a Deus

Como descreveria um padre que para si fosse um exemplo a seguir?

Teria que descrever muitos padres que conheci, primeiro em Portugal, e, agora em Itália. Mas, isso levaria muito tempo. Em muitos aspetos, são um bom exemplo de Jesus. Sobretudo porque se deixam converter por Deus muitas vezes. Não é que sejam perfeitos. Por isso, o bom padre é mesmo Jesus Cristo, e todos os que não desistem por ser como Ele. É uma graça.

Que expectativas tem para o futuro?

As mesmas que o Papa Francisco tem dos sacerdotes. No recente Jubileu dos sacerdotes, disse que ficava contente com aquele sacerdote que não privatiza os tempos e os espaços, e que não pensa: “hoje já cumpri o meu dever; veremos se me ocupo disso amanhã”. Além disso, espero encontrar a minha identidade de pastor na Missa de cada dia, como dizia o Papa.

O mundo tem muitos problemas e não podemos fechar os olhos. O sacerdote, pela sua missão, é mais livre para dedicar-se a quem está a passar mal.

Com tantos problemas no mundo ainda faz sentido o sacerdócio?

O mundo tem muitos problemas e não podemos fechar os olhos. O sacerdote, por isso mesmo e pela sua missão, é mais livre para dedicar-se a quem está a passar mal. Mas, além disso, muitas vezes, esses problemas existem pelos nossos pecados. Não tem sentido querer solucionar esses problemas sem resolver o mal que está na raiz.

A nossa vida, a vida da nossa família e dos nossos amigos, muda quando pensamos em como tornar mais rica e bela a vida dos outros

Que mensagem tem para as pessoas que estão a ler esta entrevista?

Sim, obrigado, vou deixar uma mensagem, que tem que ver com tudo o que falámos. São umas palavras que merecem o esforço por ser postas em prática. São de Bento XVI, quando esteve em Portugal: “Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza”. A nossa vida, a vida da nossa família e dos nossos amigos, muda quando pensamos em como tornar mais rica e bela a vida dos outros. E, já agora, peço que, quando possam, rezem uma Ave Maria por mim e por todos os sacerdotes do mundo.