Entrevista a coautores de livro com textos da pregação de S. Josemaria

Entrevista a Luis Cano e Francesc Castells, coautores da edição crítico-histórica de «Em diálogo com o Senhor», um livro com textos inéditos da pregação do fundador do Opus Dei.

Desde o passado dia 1 de setembro está nas livrarias Em diálogo com o Senhor, um livro com textos inéditos da pregação do fundador do Opus Dei. É fruto do trabalho de investigação do Instituto Histórico S. Josemaría Escrivá. O volume inaugura uma série de análise sobre a pregação oral do fundador do Opus Dei, no âmbito da «Coleção de obras completas» que esta instituição pôs em marcha em 2001. Luis Cano e Francesc Castells são coautores da edição crítico-histórica de Em diálogo com o Senhor. Revemos com eles algumas particularidades do novo livro.

— Qual é o conteúdo e a novidade de Em Diálogo com o Senhor?

— Luis Cano (L.C.): O livro apresenta 25 textos, até agora inéditos, de S. Josemaría Escrivá de Balaguer. São meditações e palestras de conteúdo espiritual, que dirigiu entre os anos de 1954 e 1975 a pessoas do Opus Dei que viviam em Roma. Estamos perante a sua oração em voz alta. O fundador fala com Deus dos temas centrais da espiritualidade cristã e dá conselhos para percorrer o caminho para a santidade na vida quotidiana. Confia também detalhes da sua vida e da história do Opus Dei, que têm um grande valor biográfico.

— Porque foi decidido publicar agora esse material inédito?

— Francesc Castells (F.C.): Desde 2001, o Instituto Histórico trabalha na publicação das «Obras completas» de S. Josemaría Escrivá de Balaguer. Até agora, o estudo tinha-se centrado nos livros publicados durante a vida do fundador. Editaram-se cinco volumes crítico-históricos e outros estão na tipografia ou numa fase muito avançada. Além dessa linha de investigação, que está quase a ser completada, apresenta-se agora o fruto de um longo trabalho sobre um material inédito de que Em diálogo com o Senhor é o primeiro volume. Dedica-se à pregação oral de S. Josemaría, uma das cinco linhas de trabalho da «Coleção de obras completas» que temos em andamento.

— Existem, então, outros textos inéditos em projeto de publicação?

— L.C.: Está-se a trabalhar na edição de diversos textos inéditos, como as Instruções e Cartas, textos que S. Josemaría escreveu para formar os homens e mulheres do Opus Dei no conhecimento do espírito e da história desta instituição. A respeito da pregação oral, existe um fundo muito amplo de transcrições de meditações, homilias e tertúlias no Arquivo Geral da Prelatura, cujo estudo e classificação está em curso desde há anos e requer tempo. O mesmo se pode dizer de outros materiais manuscritos e do epistolário do fundador, muito amplo, de que se publicaram já alguns excertos na revista do Instituto, Studia et Documenta.

— Fala-se de “textos da pregação oral”, também no caso de Em diálogo com o Senhor. Como entender este conceito?

— F.C.: No caso de Em diálogo com o Senhor, os textos da pregação oral são um material de procedência variada: meditações, uma homilia e várias tertúlias ou palestras de caráter mais familiar. Em geral, por textos da pregação oral entendemos uma adaptação para a comunicação escrita — e portanto a fixação de um texto — de um conteúdo que foi pronunciado em voz alta, numa exposição oral, com a linguagem habitual desses anos. No caso deste livro, S. Josemaría reviu as transcrições e fez as modificações que são sempre necessárias na passagem de um discurso oral para um texto escrito.

— Publicam-se 25 textos de datas e circunstâncias diferentes, que critério seguiu essa seleção?

— L.C: Quase todos tinham sido já reunidos num volume: primeiro, para serem apresentados na causa de canonização do fundador em 1986, e despois, numa impressão para uso das mulheres e homens do Opus Dei, realizada em 1995 com o título de Em diálogo com o Senhor, que quisemos manter. Têm como caraterísticas uma certa extensão e unidade, e foram revistos e corrigidos por S. Josemaría entre 1967 e 1975.

— Com que fontes documentais se conta para a edição crítico-histórica?

— F.C.: Em primeiro lugar, dispomos das páginas impressas de duas publicações dirigidas a fiéis da Prelatura: Crónica e Noticias, onde se reproduziram esses textos. O nosso primeiro trabalho foi cotejar essas fontes. Além disso, consultámos as transcrições e gravações originais que se conservam e outros documentos de arquivo, não tanto como fontes em si, mas como material complementar para esclarecer dúvidas ou completar dados e entender melhor o contexto de algumas passagens; informamos de tudo o leitor em notas de comentário.