27 de abril, canonização dos Papas João XXIII e João Paulo II

Foi anunciada no dia 30 de setembro a data da cerimónia de canonização dos Papas João XXIII e João Paulo II. Publicam-se alguns episódios, textos e orações para a devoção aos dois futuros santos.

Biografias de João XXIII e de João Paulo II

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Oração para pedir a intercessão de João XXIII

Dou muitas graças a Deus, porque desde sempre te escolheu para tão elevados mistérios e te adornou com as virtudes da caridade, pobreza, humildade e obediência.

Peço-te que nos alcances a paz para todos os povos, a unidade das igrejas, a caridade para todos os homens.

Tu, o Bom Papa, ajuda-nos a viver como verdadeiros filhos de Deus, como fiéis discípulos de Jesus e apóstolos da Sua palavra. Peço-te de maneira especial, por todas as famílias para que sejam santuário de vida e amor, abençoa-as e livra-as de todo o mal.

Intercede por todos nós em união com a nossa Mãe Santíssima, Maria. Ámen.

Oração para pedir a intercessão de João Paulo II

Oh Trindade Santíssima,

Damos-te graças por teres concedido à Igreja o Papa João Paulo II e porque nele refletiste a ternura da Tua paternidade, a glória da cruz de Cristo e o esplendor do Espírito de amor.

Ele, confiando totalmente na Tua infinita misericórdia e na maternal intercessão de Maria, mostrou-nos uma imagem viva de Jesus Bom Pastor, indicando-nos a santidade, alto grau da vida cristã corrente, como caminho para alcançar a comunhão eterna Contigo.

Concede-nos, por sua intercessão, e se for da Tua vontade, o favor que imploramos, com a esperança de que seja rapidamente incluído no número do Teus santos.

Ámen.

* * * Episódios de João XXIII

· Quando lançaram o primeiro foguetão à lua com alunagem de um astronauta, os jornais publicaram a notícia com grande impacto e títulos sensacionalistas espetaculares. O Papa João XXIII limitou-se a comentar o facto com os seus íntimos movendo lentamente a cabeça enquanto exclamava várias vezes: - “Há tanto que fazer na terra, há tanto que fazer!”

· Um Bispo francês contava que, no final da primeira sessão do concílio, um dia falou com João XXIII sobre o discurso de abertura, e o Papa dizia-lhe: “A verdade é que no discurso de abertura que dirigi aos Bispos ao começar o concílio, não tinha visto tantas coisas como depois, estudando-o, os Bispos encontraram. No entanto, agora, quando o releio, também eu as encontro... Vê-se que o Espírito Santo é mais esperto do que todos nós”.

· Regressava um dia ao Vaticano com o seu secretário depois de ter visitado um asilo de idosos e de lhes ter oferecido alguns presentes. Ao passar diante de uma casa, o secretário, indicando-a, disse-lhe: “Santidade, nesta casa vive o professor Lolli, redator do L´Osservatore Romano. Tem a mulher muito doente. Não poderia enviar-lhe uma bênção?”

O Papa respondeu-lhe: “É difícil mandar uma bênção pelo ar, dom Loris. Não é melhor levar-lha pessoalmente?” E sem avisar, como tantas vezes fazia, estava a bater à porta do redator do jornal para lhe dar a bênção em pessoa...

· No início do seu pontificado, João XXIII teve que posar para os fotógrafos, para que estes fizessem as fotografias oficiais do novo Papa. Numa ocasião, imediatamente depois de posar diante das câmaras, recebeu em audiência a monsenhor Fulton Sheen, que era um Bispo muito conhecido nos Estados Unidos porque pregava na televisão. Ao cumprimentá-lo, João XXIII manifestou-lhe com toda a simplicidade: "Olhe, Deus nosso Senhor sabia muito bem desde há setenta e sete anos que eu havia de ser Papa. Não podia ter-me feito mais fotogénico?"

· Contam que na sua primeira noite como Pontífice pediu ao Cardeal Nasalli que ficasse para jantar com ele. Mas o purpurado disse-lhe que era costume que os Papas comessem sozinhos, ao que o recém-eleito respondeu: "Mesmo sendo Papa não me vão deixar fazer o que eu queira!" . O cardeal, acedendo à petição perguntou: "Santidade, posso trazer champanhe?". João XXIII respondeu: "Sim, por favor, mas não me chame Santidade, porque cada vez que o faz parece-me que está a brincar comigo!". Episódios de João Paulo II

· Na sua última celebração do Corpus Domini a que presidiu em 2004, o Papa já não podia andar, de forma que tiveram que fixar a sua cadeira à plataforma do veículo disponível para a procissão. À sua frente, por cima do genuflexório, exibia-se o ostensório com o Santíssimo Sacramento. Pouco depois da partida, João Paulo II dirigiu-se a um dos mestres-de-cerimónias e perguntou-lhe se podia ajoelhar-se. Com delicadeza, este explicou-lhe que era demasiado arriscado, dado que o percurso era bastante acidentado e isso diminuía a estabilidade do veículo. Passados uns minutos o Papa repetiu:

- "Queria ajoelhar-me".

R

esponderem-lhe que esperasse até que o pavimento fosse melhor. Uns instantes depois disse:

- "Está ali Jesus, por favor!"

Os dois mestres-de-cerimónias ajudaram-no a ajoelhar-se no genuflexório. Como não conseguia manter-se nas pernas, o Papa tentou segurar-se fixando-se ao bordo, mas, quase de imediato, tiveram que o sentar de novo na cadeira.

· Conta o Cardeal Coppa, sobre uma viagem do Papa à República Checa em 1995, quando já começava a usar bengala devido à sua saúde:

“A primeira noite daquela viagem, a seguir ao regresso da ceia com os bispos, desceu à capela diante do Santíssimo. As irmãs tinham-lhe preparado um grande genuflexório, mas preferiu rezar num dos bancos habituais. Eu acompanhava-o, esperando-o fora da capela... Na noite seguinte tive que responder a uma chamada urgente e não pude acompanhá-lo à capela. Cheguei depois, quando já estava ajoelhado. Antes de entrar ouvi como que uma música diferente, e quando abri silenciosamente a porta, ouvi como, ajoelhado no banco, cantava diante do tabernáculo. Nunca esqueci esse delicado canto, que era como um colóquio de amor com Cristo...”

· Um dia, D. Álvaro del Portillo, Prelado do Opus Dei, esperava para ser recebido em audiência por João Paulo II. Ao ouvi-lo chegar, notou que o fazia arrastando os pés. O Prelado disse-lhe: ”Como está cansado, Santidade!”. Ao que o Papa replicou de imediato: ”Se a estas horas da noite o Papa não estivesse cansado seria porque hoje não teria cumprido o seu dever”.

· Em 1994, a revista TIME nomeou João Paulo II “Homem do ano”. O seu porta-voz mostrou-lhe a primeira página da revista e o Papa voltou-a. O seu assessor mostrou-lha de novo e o Papa de voltou-a de novo. “Santidade, não gosta da revista?”, perguntou-lhe. “Talvez – disse - me agrade demasiado”.

· Em 2001 o Papa realizou uma histórica viagem à Grécia, onde pôde reunir-se com os bispos ortodoxos. Num dos encontros com o Arcebispo de Atenas, Sua Beatitude Christodoulos, João Paulo disse-lhes que tinha um grande desejo  de rezar o Pai-nosso com ele em grego, e ele também aceitou e rezaram-no juntos em voz alta. Este gesto importante – há dez séculos que não acontecia algo assim – não foi improvisado; o Papa, antes da viagem, tinha recitado durante vários dias o Pai-nosso em grego, para o aprender.

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O “Decálogo da serenidade” de João XXIII

1. Só hoje, procurarei viver exclusivamente o dia, sem querer resolver o problema da minha vida de uma vez.

2. Só hoje, terei o máximo cuidado com o meu aspeto; procurarei ser cortês; não criticar ninguém nem pretender disciplinar ninguém, senão a mim próprio.

3. Só hoje serei feliz na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo, mas também neste.

4. Só hoje, adaptar-me-ei às circunstâncias, sem pretender que as circunstâncias se adaptem aos meus desejos.

5. Só hoje, dedicarei trinta minutos do meu tempo a uma boa leitura recordando que assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, a boa leitura é necessária para a minha mente e espírito.

6. Só hoje, farei uma boa ação a favor de alguém que só eu saberei.

7. Só hoje, farei duas ações positivas que não sejam do meu agrado e procurarei que ninguém se aperceba.

8. Só hoje farei pelo menos uma coisa que não desejo fazer; e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém se aperceba.

9. Só hoje farei um programa detalhado. Quiçá não o cumprirei integralmente, mas vou escrevê-lo. E cuidarei de duas calamidades, a pressa e a indecisão.

10. Só hoje, não terei temores, não terei medo de desfrutar do que é belo e de acreditar na bondade. Posso fazer durante um dia o que me desencorajaria se pensasse ter que o fazer durante toda a minha vida.

Oração de João Paulo II ao Espírito Santo

Espírito Santo, doce hóspede da alma, mostra-nos o sentido profundo do grande Jubileu e prepara o nosso espírito para o celebrar com a fé, na esperança que não defrauda, na caridade que não espera recompensa.

Espírito de verdade, que conheces as profundezas de Deus, memória e profecia da Igreja, dirige a Humanidade para que reconheça em Jesus de Nazaré o Senhor da glória, o Salvador do mundo, o cume da História.

Vem, Espírito de amor e de paz.

Espírito criador, misterioso artífice do Reino, guia a Igreja com a força dos teus santos dons para atravessar com valentia o umbral do novo milénio e chegar às gerações vindouras a luz da Palavra que salva.

Espírito de santidade, alento divino que move o universo, vem e renova a face da terra. Suscita nos cristãos o desejo da plena unidade, para serem verdadeiramente no mundo sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade do género humano.

Vem, Espírito de amor e de paz.

Espírito de comunhão, alma e sustento da Igreja, faz com que a riqueza dos carismas e ministérios contribua para unidade do Corpo de Cristo e que os leigos, os consagrados e os ministros ordenados colaborem juntos na edificação do único Reino de Deus.

Espírito de consolo, fonte inesgotável de alegria e de paz, suscita solidariedade para com os necessitados, dá aos doentes o alento necessário, infunde confiança e esperança nos que sofrem, aumenta em todos o compromisso por um mundo melhor.

Vem, Espírito de amor e de paz.

Espírito de sabedoria, que iluminas a mente e o coração, orienta o caminho da ciência e da técnica ao serviço da vida, da justiça e da paz. Faz fecundo o diálogo com os membros de outras religiões e que as diversas culturas se abram aos valores do Evangelho.

Espírito de vida, pelo qual o Verbo se fez carne no seio da Virgem, mulher do silêncio e da escuta, faz-nos dóceis às demonstrações do Teu amor e sempre dispostos a acolher os sinais dos tempos que Tu pões no curso da História.

Vem, Espírito de amor e de paz.

Para Ti, Espírito de amor, juntamente com o Pai omnipotente e o Filho unigénito, louvor, honra e glória pelos séculos dos séculos.

Ámen.